PUBLICADO EM 22 de dez de 2017
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No Peru, presidente escapa de impeachment por oito votos

Após uma sessão parlamentar de 14 horas, oposição não conseguiu os 87 votos necessários para retirar; governistas comemoram a permanência do presidente no cargo; PPK se defendeu de ter recebido suborno da construtora brasileira Odebrecht, empreiteira admitiu ter transferido US$ 4,8 milhões a empresas financeiras ligadas ao presidente; “Peruanos. Amanhã começa um novo capítulo em nossa história: reconciliação e reconstrução de nosso país. Uma só força, um só Peru”, escreveu o presidente no Twitter

LIMA – O presidente do Perú, Pedro Pablo Kuczynski, se livrou nesta sexta-feira de ser destituído pelo Congresso, depois da oposição não conseguir os 87 votos necessários para declarar a vacância do cargo, após uma sessão parlamentar de 14 horas. PPK se defendeu diante do Congresso pela manhã afirmando que jamais recebeu um suborno em seus esforços para evitar sofrer um impeachment por seus vínculos com a construtora brasileira Odebrecht, que admitiu ter transferido US$ 4,8 milhões a empresas financeiras ligadas ao presidente.

— Não foi aprovado o pedido de impeachment por incapacidade moral permanente — disse o presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, depois da votação, que teve 79 votos a favor da destituição, 19 contra e 21 abstenções. Para retirar PPK (como é chamado o chefe de Estado) do poder eram necessários 87 votos.

“Peruanos. Amanhã começa um novo capítulo em nossa história: reconciliação e reconstrução de nosso país. Uma só força, um só Peru”, escreveu o presidente no Twitter.

— Ganhou o país e a democracia — disse o porta-voz de Kuczynski, Vicente Zevallos, depois da votação, que implicou em uma derrota para a oposição fujimorista, que promovia a destituição do dirigente de 79 anos.

Dominado pela oposição fujimorista, o Congresso abriu um processo de impeachment por permanente incapacidade moral, dias depois da Odebrecht ter revelado que pagou quase US$ 5 milhões por assessorias a empresas ligadas a Kuczynski, enquanto ele era ministro da Economia.

APELOS DE PPK

O presidente peruano conseguiu dividir a oposição com a promessa de libertar o ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre uma condenação por abusos aos direitos humanos. O ex-presidente de 79 anos está cumprindo desde 2007 uma condenação de 25 anos de reclusão.

Antes da votação na noite de quinta-feira de uma moção para tirá-lo do cargo, Kuczynski fez um apelo aos parlamentares para deixar de lado acusações não comprovadas de corrupção contra ele para defender o Peru do que chamou de uma tentativa de golpe por parte do partido de direita Força Popular.

A legenda Força Popular surgiu do movimento populista iniciado na década de 1990 por Fujimori, que agora está cumprindo uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra os direitos humanos.

Dezenas de pessoas seguiram para a casa do presidente para comemorar o resultado, uma dura derrota para a oposição fujimorista que desejava o impeachment do presidente de 79 anos.

— Minha expectativa é começar a viver outra vez em reconciliação nacional, em um espaço de paz pelo bem de nossos cidadãos, porque cada cidadão quer que trabalhemos juntos — disse a segunda vice-presidente peruana, Mercedes Aráoz.

ACUSAÇÕES CONTRA O MANDATÁRIO

PPK foi acusado de ter ligação com duas consultorias financeiras que receberam dinheiro ilegalmente da empreiteira brasileira Odebrecht em troca da garantia de contratos. A construtora admitiu ao Congresso peruano que transferiu US$ 4,8 milhões às empresas Westfield Capital, uma empresa cujo único funcionário era o próprio Kuczynski e que recebeu US$ 782 mil da Odebrecht entre 2004 e 2007, incluindo US$ 60 mil nos anos em que o atual mandatário foi ministro da Economia e primeiro-ministro.

Há vários meses, uma comissão de investigação do Congresso peruano vem pedindo ao chefe de Estado que dê explicações sobre a relação de duas empresas de consultoria financeira vinculadas a PPK com a empreiteira brasileira. De acordo com documentos apresentados pela oposição, o chileno Gerardo Sepúlveda, ex-sócio do presidente, recebeu recursos da Odebrecht na época em que PPK era membro do governo Alejandro Toledo (2001-2006).

Em sua defesa, o presidente assegurou que havia passado a gestão das consultorias a Sepúlveda, que também negou participação de PPK nas negociações.

Fonte: O Globo

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