PUBLICADO EM 27 de out de 2025

Escala 5×2 avança no varejo gaúcho: luta por dignidade

Descubra como a Escala 5×2 garante folgas duplas e melhora a saúde e bem-estar dos empregados no comércio.

O Záffari, que já foi denunciado por aplicar escala 10×1, precisou mudar e agora começa a implantar a escala 5x2 em uma de suas lojas

O Záffari, que já foi denunciado por aplicar escala 10×1, precisou mudar e agora começa a implantar a escala 5×2 em uma de suas lojas

Novo modelo garante folgas duplas, melhora a qualidade de vida e reforça a luta sindical por jornadas mais humanas.

A escala de trabalho 5×2 começa a ganhar espaço no varejo gaúcho, rompendo com um dos modelos mais exaustivos e criticados do comércio: o 6×1, que obriga o trabalhador a atuar seis dias seguidos para descansar apenas um.

A mudança — adotada por redes como a Comercial Zaffari, dona da bandeira Stok Center, e pela Quero-Quero — tem mostrado resultados positivos tanto para as empresas quanto para os empregados, ao garantir melhores condições de descanso, convívio familiar e saúde física e mental.

A escala 6×1 ainda é predominante no setor e penaliza milhares de comerciários no Brasil, que passam fins de semana e feriados trabalhando, com pouco tempo para lazer e recuperação.

Sindec-POA na luta pela valorização dos comerciários

O Sindec-POA (Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre) observa avanços concretos. Por meio de suas redes sociais, entidade informa que empresas do varejo e grandes redes da capital e do interior do Rio Grande do Sul já começam a adotar a escala 5×2, reconhecendo os benefícios da mudança.

O Sindicato intensificou sua luta pelo fim da escala 6×1 e pela valorização dos comerciários, defendendo uma redução de jornada que seja realista, responsável e compatível com a vida da categoria.

“Nossa defesa é por uma redução de jornada que garanta mais dignidade, descanso e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio”, afirma a direção do Sindec-POA.

Segundo a entidade, o movimento em favor de jornadas mais equilibradas está avançando. O sindicato segue na linha de frente, negociando, mobilizando e lutando por conquistas concretas, que representem melhorias reais nas condições de trabalho e de vida dos comerciários.

Zaffari teve dificuldade de contratar e precisou mudar

A rede gaúcha de supermercados, Zaffari, por exemplo, que já foi acusada de impor a escala 10×1, ou seja, trabalho até dez dias seguidos para folgar um, implementou a escala 5×2 na nova unidade em Lajeado (RS), inaugurada em junho, junto com um aumento do piso salarial.

A iniciativa partiu da própria empresa, após alertas do sindicato sobre a dificuldade de atrair trabalhadores com o modelo 6×1.

O novo formato ajuda a reduzir a rotatividade — que, segundo a Agas (Associação Gaúcha de Supermercados), ultrapassa 60% no setor — e melhora a produtividade e o engajamento. Além de aumentar a qualidade de vida, o modelo resgata o sentido social do descanso, permitindo tempo real de lazer e convivência.

Projeto piloto na Quero-Quero amplia previsibilidade

A Quero-Quero iniciou, em outubro, um projeto piloto com jornada 5×2 em duas lojas de Lajeado, após acordo coletivo com o Sindicomerciários de Lajeado. O formato prevê rodízio de folgas, garantindo que todos tenham folga dupla ao menos uma vez por mês.

A mudança chega em um contexto de escassez de mão de obra, com até mil vagas abertas no comércio e na indústria do Vale do Taquari. A flexibilidade e a previsibilidade das folgas ajudam a atrair jovens trabalhadores, que rejeitam jornadas extenuantes e falta de tempo livre.

Dignidade

O modelo 6×1 (trabalho seis dias por semana) compromete o equilíbrio físico e emocional, limita o convívio familiar, reduz a vida social e aumenta o adoecimento laboral. Já o 5×2 busca restabelecer um mínimo de dignidade e previsibilidade.

As experiências do varejo gaúcho e a mobilização do Sindec-POA apontam um novo horizonte para o trabalhador comerciário: um modelo de jornada que valoriza o trabalhador sem comprometer a produtividade.

O avanço da escala 5×2 é mais do que uma questão de gestão — é uma mudança de paradigma. Representa o início de uma transformação cultural nas relações de trabalho do comércio: menos exploração, mais equilíbrio, mais humanidade.

Com informações do Jornal do Comércio, Sindicomerciários de Lajeado e Sindec-POA. Redação: Rádio Peão Brasil.

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