PUBLICADO EM 16 de dez de 2021
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Dieese: a herança de 2021 e o que esperar de 2022

A situação brasileira no final de 2021 é dramática: um país devastado não apenas pela pandemia e omissão do governo federal no combate à covid-19, mas pela política econômica que aprofundou a desigualdade social e aumentou a pobreza. A inflação crescente tem impacto maior para as pessoas de menor renda e, no mercado de trabalho, o desemprego é alto e as ocupações
criadas são informais, de modo que o mercado consumidor interno não tem força para promover um crescimento sustentado da economia.

Fila para retirar o Auxílio Emergencial. Foto: Jose Leomar

Em 2022, o país definirá mais uma vez o rumo que vai seguir. Pode ir pelo caminho da destruição ambiental, da  redução dos direitos sociais, do sucateamento das instituições e do abandono da civilidade ou retomar a direção do desenvolvimento econômico e social, da proteção ambiental e da promoção da dignidade humana.

A performance recente do Produto Interno Bruto (PIB) é desanimadora, acumulando dois trimestres de queda: o terceiro trimestre de 2021 variou -0,1% em relação ao segundo, que já havia caído -0,4% em relação aos três primeiros meses do ano. A formação bruta de capital fixo, isto é, o investimento em máquinas e equipamentos, caiu 3,0% no segundo trimestre e ficou
praticamente estagnada no terceiro (-0,1 %). Além desses, outros indicadores apontam que 2022 será mais um ano de dificuldades na economia brasileira e no mercado de trabalho, com
desemprego e perda do poder de compra dos salários, causada pela inflação.

Desemprego e trabalho precário

O desemprego atinge um contingente significativo de trabalhadores/as: eram 13,5 milhões de pessoas no terceiro trimestre de 2021. A taxa média de desocupação, conhecida como taxa de
desemprego, chegou a 12,6% no país, nesse período. Em alguns estados, no entanto, o desemprego era bem mais alto do que a média, como em Pernambuco (19,3%), na Bahia (18,7%) ou ainda no Rio de Janeiro (15,9%) e em São Paulo (13,4%).

Ainda que tenha havido aumento no número de ocupados em relação ao mesmo período de 2020, a quantidade de pessoas fora da força de trabalho continua maior do que no momento
anterior à pandemia. No terceiro trimestre de 2019, havia 61,0 milhões de pessoas de 14 anos ou mais de idade fora da força de trabalho e, no terceiro trimestre de 2021, cerca de 4,5 milhões a
mais, ou 65,5 milhões.

É importante ressaltar que uma parte considerável dos postos de trabalho criados recentemente é informal. Segundo o IBGE, 40,6% dos ocupados encontram-se na informalidade,
o equivalente a 38 milhões de trabalhadores/as. Além disso, 16 dos 17 estados com taxa de informalidade maior que a média nacional estão localizados no Norte e Nordeste.

O rendimento médio habitual do/a trabalhador/a, no terceiro trimestre de 2021, teve queda de -4,0% em relação aos três meses anteriores e de -11,1% na comparação com o mesmo período de 2020. Isso evidencia que a geração de postos de trabalho concentrou-se em ocupações de baixos rendimentos, num cenário de alta inflação, que corrói o poder de compra do/a trabalhador/a.

Perspectivas para 2022

A tímida recuperação da economia brasileira após os primeiros impactos da pandemia tem se mostrado profundamente desigual. Ancorada numa situação de baixo dinamismo, a economia
não gera postos de trabalho suficientes e de qualidade e a alta inflação corroi o poder de compra da população. Em 2021, o crescimento deve ficar entre 4,0% e 4,5%, muito mais por efeito
estatístico, já que a base de comparação é bastante baixa em 2020, devido aos efeitos da pandemia, do que por crescimento efetivo. Mostram claramente essa situação os resultados dos
últimos trimestres. A indústria de transformação não apresentou qualquer resultado positivo em 2021, também na comparação trimestral.

As incertezas no plano internacional, diante dos riscos da nova variante do coronavírus e, principalmente, a equivocada política econômica do governo federal apontam que 2022 será “mais do mesmo”, com baixo crescimento e inflação ainda em patamar elevado. As eleições em outubro tornam as previsões ainda mais difíceis, ainda mais com um governo que busca a reeleição a qualquer preço, inclusive questionando, por antecipação, a lisura do processo eleitoral.

Assim, avalia-se que, em um cenário otimista, o PIB poderá crescer em torno de 1,4% e, em um cenário pessimista, poderá cair até 1,5%. No momento, o cenário indica crescimento zero.

Leia aqui o boletim Conjuntura do Dieese

Fonte: DIEESE

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