PUBLICADO EM 01 de dez de 2018
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Nonato, um cavaquinho diferente

O músico amazonense Nonato é um dos grandes mestres do cavaquinho nacional. Natural de Caapiranga, é filho de pai e avós músicos – e irmão de André Amazonas, um dos mestres da guitarra amazonense.

Por Fernando Rosa

O chorinho está na origem do DNA da lambada, junto com os ritmos regionais do Norte e a música latina, dizem os pesquisadores. A maioria dos principais mestres do gênero, como Mestre Vieira, começou tocando cavaquinho, fato determinante para definir um jeito especial de executar o novo instrumento. Não foram muitos que se mantiveram fiéis ao instrumento inicial, mas alguns “formaram escola”, entre eles, Nonato do Cavaquinho.

O músico amazonense Nonato é um dos grandes mestres do cavaquinho nacional. Natural de Caapiranga, é filho de pai e avós músicos – e irmão de André Amazonas, um dos mestres da guitarra amazonense. “Aprendi as primeiras notas quando eu tinha seis anos de idade”, diz Nonato. Antes de gravar, foi músico de bandas, tocou vários estilos de música em sua região. A maior influência, diz ele, foi Waldir Azevedo.

Nonato foi descoberto em Porto Velho, no estado de Rondônia, no Norte do Brasil, em julho 1983, por F. Cavalcante, um radialista de Manaus, na época representante da gravadora Polygram do Brasil. “Eu trabalhava em uma serigrafia, e nos finais de semana ia com uns amigos para uma churrascaria chamada Roda Viva tocar chorinho, comer pizza e beber”, conta.

Certo dia, lembra ele, “um rapaz chegou, sentou em uma mesa em frente ao palco, comeu uma pizza e continuou assistindo nós tocarmos”. “Quando paramos, ele me chamou disse que tinha gostado do meu trabalho e perguntou se eu tocava lambada”. Disse, ainda, que se até o final do ano compusesse dez lambadas, ele gravava um disco. “Eu compus vinte e duas”.

“Em 26 de maio de 1984, assinei meu primeiro contrato com a Polygram e gravei meu primeiro disco” – Um Cavaquinho Diferente, conta Nonato. “Na época, nós tentamos gravar no Rio – os músicos eram maravilhosos – mas não conseguiam dar a pegada que eles queriam”. “Por isso, optaram pela Gravasom, em Belém”, lembra ele.

Nonato aprendeu a tocar vários instrumentos, chegando a tocar contrabaixo por dez anos. “Mas minha paixão sempre foi o cavaquinho”, afirma ele reverenciando o instrumento que o tornou conhecido. Desde o primeiro disco, Nonato teve seu trabalho reconhecido, vendendo milhares de discos.

Os LPs Um Cavaquinho Diferente (1984) e Cumbia Exportação (1986) foram Discos de Ouro. Em 1985, ele lançou os discos Um cavaquinho no Natal e Alegria, Alegria, Alegria. Em 1987, Nonatomania; em 1988, As lambadas do Nonato; e, em 1989, Soy Loco Por Ti, América (Ritmo de Lambada). Todos pela Polygram.

Com a carreira interrompida por um infarto, Nonato ficou sem gravar durante os anos noventa. Em dois mil, retornou ao disco, gravando um cedê pela gravadora CID e outro pela AM Produções. Ainda, posteriormente, gravou mais quatro CDs com a cantora Pérola, sua esposa. Nonato segue em atividade, com shows no Ceará, estado onde reside atualmente.

As lambadas de Nonato, além do chorinho, também trazem forte influência da música latina. “Quando eu morava em Rondônia, fui várias vezes à Bolívia e me apaixonei pelos ritmos latinos, em especial pela cumbia”. Isso explica o grande sucesso do disco “Cumbia Exportação”, um dos seus maiores sucessos.

Discografia

– Nonato do Cavaquinho – Um cavaquinho diferente (1984)
– Nonato do Cavaquinho – Alegria, alegria, alegria (1985)
– Nonato do Cavaquinho – Um cavaquinho no Natal (1985)
– Nonato do Cavaquinho – Cumbia exportação (1986)
– Nonato do Cavaquinho – Nonatomania (1987)
– Nonato do Cavaquinho – As lambadas do Nonato (1988)
– Nonato do Cavaquinho – Soy loco por ti, América (1990)

Fernando Rosa é jornalista, produtor cultural, editor do portal Senhor F e colaborador do site Rádio Peão Brasil

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