PUBLICADO EM 22 de fev de 2018
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Merengando no beiradão, o saxofone na Amazônia

O saxofone do Norte brasileiro é um fenômeno ainda por ser estudado pelos historiadores da música brasileira. Tem pouco, ou quase nada, a ver com o som tradicional da MPB e menos ainda com o jazz, a não ser referências remotas. Em sua gênese, estão um pouco de choro, carimbó, forró e música latina, como mambo, merengue e cumbia.

por Fernando Rosa

Pantoja do Pará

Donos da cena regional nos anos oitenta, especialmente, foram reis das festas dos beiradões pelo interior da região amazônica, seja no Pará ou Amazonas. Alguns nomes chegaram ao Sudeste, com discos gravados ou distribuídos por selos influentes da época. Mais recentemente, alguns deles foram redescobertos junto com os guitarristas da lambada-guitarrada, pelo esforço dos paraenses.

Entre os nomes mais destacados estão os paraenses Mestre Cupijó, um caso à parte, Pantoja do Pará, Manezinho do Sax e Paulinho do Sax. Entre os amazonenses, destacam-se Teixeira de Manaus, Chico Caju, Agnaldo do Amazonas, Chiquinho Davi, Souza Caxias e Admilton do Sax. Vale ainda destacar Antônio Cearense, do Piaui, mas sintonizado com a mesma cena musical.

Natural de Cametá, Mestre Cupijó, além de saxofonista, é um dos nomes mais importantes da música brasileira. Pantoja do Pará, vindo de Igarapé-Mirí, gravou seis LPs que fizeram dele um nome de importância nacional. Manezinho do Sax é outro destaque da cena paraense, com carreira construída nos grupos Os Populares de Igarapé-Mirí, Uirapurú, do Mestre Verquete, e Warilou.

Teixeira de Manaus é um dos nomes mais conhecidos além da região Norte, por sua fusão de música regional, lambada e ritmos latinos. Chico Caju, por outro lado, fez fama com a mistura de choro, baião, xote e o carimbó do Pará. Outros nomes importantes do estado são Agnaldo do Amazonas, Chiquinho David e Souza Caxias, com vários discos gravados.

Atualmente, assim como a guitarra, o saxofone começa a ser revalorizado na região Norte, em especial no Pará. Um dos músicos que está à frente disso é Daniel Serrão, saxofonista da banda de Dona Onete. Com outros músicos, ele integra o grupo tributo Baile do Mestre Cupijó, de quem é um estudioso.

DISCOGRAFIA SUGERIDA

PARÁ

– Mestre Cupijó – Siriá (Mestre Cupijó e seu ritmo) (CD)
– Pantoja do Pará – O cachimbo de ouro (LP)
– Manezinho do Sax – Apimentado (CD)
– Paulinho do Sax – Sax & guitarra arrepiando (LP)

AMAZONAS

– Teixeira de Manaus – Série “Raizes Nordestinas” (CD)
– Chico Cajú – Super sax (LP)
– Agnaldo do Amazonas – Furacão do Norte (volume 1) (LP)
– Chiquinho David – Merengando no banzeiro (LP)
– Souza Caxias – O sax de ouro de Autazes (LP)
– Admilton do Sax – Sax Beradão (LP)

PIAUI

– Antônio Cearense – Brasil carinhoso

ONDE OUVIR

Fernando Rosa é jornalista, produtor cultural, editor do portal Senhor F e colaborador do site Rádio Peão Brasil.

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