PUBLICADO EM 20 de out de 2022
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Felipe Neto lembra vídeo de Bolsonaro eleogiando ditador pedófilo do Paraguai

Chamado por Bolsonaro de “estadista” e “homem de visão”, Alfredo Stroessner comandou ditadura de 35 anos no Paraguai marcada por pedofilia, tortura, estupros, assassinatos e corrupção

Durante seu regime de terror, Alfredo Stroessner ordenou a criação de um harém de meninas de 10 a 15 anos, virgens, exploradas sexualmente pelo ditador que teria violado mais de 1.600 crianças – Foto: Tânia Rego/ABr/Viomundo/Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que declarou ter pintado “um clima” com adolescentes venezuelanas, de 14 a 15 anos, numa fala que foi associada à pedofilia, também já homenageou o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, acusado de ter violado mais de 1.600 crianças nos 35 anos que comandou o Paraguai. A homenagem, gravada em vídeo, foi resgatada nesta quarta-feira (19) pelo youtuber Felipe Neto e vem sendo impulsionada por internautas que apontam Bolsonaro como um “adorador de pedófilo” nas redes sociais.

https://twitter.com/felipeneto/status/1582739464882774016?s=20&t=tJ_Tni3lwnlfUtG1cGiUiA

As imagens mostram o candidato à reeleição do PL, durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Anatalício Risden Júnior, em fevereiro de 2019, chamando Stroessner de “estadista” e “homem de visão”. Os elogios foram disparados pelo mandatário na frente do presidente paraguaio Mario Abdo Benítez e, já na época, provocaram repercussões diplomáticas.

Stroessener, que foi o mais longevo dos ditadores militares da América do Sul, comandou o Paraguai de 1954 a 1989. O ditador acabou morrendo exilado, em Brasília, em 2006. Quase 14 anos depois de cerca de 700 mil documentos das forças de segurança do Paraguai se tornarem públicos, revelando um governo marcado, além da pedofilia, por estupros, tortura, assassinatos, corrupção, violações de direitos humanos e perseguição política.

Quem é o ditador pedófilo
Stroessner é acusado de ter mandado matar 423 opositores de seu governo e torturar quase 19 mil pessoas durante os 35 anos que ficou no poder. Os documentos também mostram que, ao longo de seu regime de terror, ordenou a criação de um “harém” de meninas, de 10 a 15 anos, onde ele e parte de seus ministros e generais protagonizavam estupros, violando meninas virgens. Investigadores do Departamento de Memória Histórica e Reparação do Ministério da Justiça descobriram que o ditador abusava, em média, de quatro meninas novas por mês, mostra reportagem do jornal O Globo.

Considerado um pedófilo em série, a investigação aponta que ele teria violado mais de 1.600 crianças no período, sequestradas da área rural de acordo com os “gostos” do ditador homenageado por Bolsonaro, e seus ministros. Sob a gestão de Stroessener, as Forças Armadas paraguaias também se envolveram o contrabando de drogas internacional.

A aproximação de Bolsonaro com o ditador pedófilo também será explorada pela campanha de seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O comitê eleitoral de Lula preparou uma série de inserções na TV para os próximos dias mostrando a homenagem do atual presidente a Stroessener. A campanha expõe que “Bolsonaro continua mostrando sua admiração” a um “pedófilo assassino”.

‘Pintou um clima’
O mandatário do PL já vem sendo acusado de se associar ao crime pela fala feita em entrevista ao canal do YouTube Paparazzo Rubro-Negro na última sexta-feira (14). Na ocasião, Bolsonaro comentava que estava andando de moto no Distrito Federal quando viu “umas menininhas, três, quatro, bonitinhas, de 14, 15 anos, arrumadinhas numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou ele.

O relato foi repudiado por profissionais que atuam no atendimento à vítima de violência sexual que apontaram “sexualização de crianças e adolescentes” no comportamento de Bolsonaro, assim como omissão diante do suposto crime de exploração sexual e fortalecimento da cultura do estupro no país.

Na avaliação da campanha de Lula, o caso “desconstrói a imagem de Bolsonaro” junto ao seu eleitorado mais fiel, o conservador. Não à toa, segundo os aliados do petista disseram ao jornal Extra, o presidente vem reagindo desde a madrugada de domingo (16), chegando a gravar um vídeo com um pretenso pedido de desculpa pela frase nesta terça (18).

O caso, no entanto, já havia sido repetido por Bolsonaro em outra entrevista no Podcast Collab, feito por evangélicos, no dia 12 de setembro. “Todas muito bem arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando para que? Alguém tem ideia, quer que eu fale? Para fazer programa”, disparou o presidente. A publicação também foi resgatada pela socióloga Rosângela da Silva, a Janja, companheira de Lula. “Inacreditável q o ‘Presidente’ já tenha exposto essas meninas venezuelanas, anteriormente em outra entrevista. A minha indignação só aumenta. O ‘cidadão de bem’ deveria ter denunciado se houvesse qualquer indício de exploração de menores. É essa proteção das famílias que ele prega?”, questionou Janja nas redes.

A associação de Bolsonaro à pedofilia ganhou ainda mais fôlego nesta quarta após a base de seu governo na Câmara dos Deputados ter votado contra a urgência de um projeto de lei que torna casos de pedofilia em crime hediondos. A proposta havia sido apresentada pela bancada do PT para o PL 1.776/2015, de autoria dos deputados bolsonaristas Paulo Freire Costa (PL-SP) e Clarissa Garotinho (União-RJ), ganhasse prioridade na ordem de votações da Casa.

No entanto, nem o próprio Paulo Freire Costa votou pela urgência da pauta. Apenas 135 votos foram a favor de antecipar a votação, a maioria de partidos de oposição como PT, Psol, PCdoB, Cidadania que votaram em bloco. Outros 224 foram contrários, todos aliados de Bolsonaro. No partido do presidente, o PL, apenas cinco votaram pela urgência entre seus 76 deputados. No PP, foram apenas dois votos e no Republicanos, não houve nenhum voto para dar urgência ao projeto que torna a pedofilia um crime hediondo.

Fonte: Rede Brasil Atual

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