PUBLICADO EM 06 de maio de 2022
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Como é ser mãe nesse Brasil desgovernado?

Cristiane Santos Rodrigues e as filhas Ana Carolina e Ane Gabriele em uma ocupação em Porto Alegre. Foto Caroline FerrazSul21

“Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho”

(Para Sempre, de Carlos Drummond de Andrade)

Neste Dia das Mães, vale refletir sobre a dificuldade de ser mãe trabalhadora num país totalmente desgovernado há mais de três anos. O que é uma experiência única e bem complexa, torna-se complicadíssima porque as mães que trabalham fora de casa, com jornadas duplas e até triplas, sentem a dificuldade de estar próximas a suas filhas e filhos o tempo que desejam e que as crianças necessitam.

Mas o atual presidente é inimigo das mães. Já disse que as mulheres ganham menos porque engravidam. Mas não somente ele. As mulheres têm mais dificuldades no mundo do trabalho exatamente porque têm a possibilidade de serem mães.

Além disso, recai sobre nós mulheres a maior parte dos afazeres domésticos, do cuidar das crianças, de praticamente tudo no âmbito doméstico. Mas nós não somos “recatadas e do lar”, somos belas, mas somos guerreiras e lutamos para construir um novo mundo, onde as mães sejam respeitadas na divindade de ser mãe.

Uma escolha, nunca uma imposição. Somos mães professoras, empregadas domésticas, advogadas, médicas, enfermeiras, motoristas, atendentes, administradoras, jornalistas, dentistas, agricultoras familiares, religiosas, ateias, enfim somos o que nós quisermos ser. Em milhares de lares somos chefes de família, somos mães e pais, porque muitos homens abandonam suas famílias e não assumem a paternidade.

Enfrentamos todas as dificuldades interpostas por este desgoverno. As mães da periferia, principalmente, veem seus filhos serem mortos todos os dias, muitos deles pelo braço armado do Estado, a polícia e outros pela ausência do Estado e de políticas públicas, mortos pelo tráfico.

Todas somos mães. Sofremos, mas resistimos por nossos filhos. E lutamos por um país onde ser mãe seja símbolo de prazer, de amor, de paz, de vida. Porque mãe é tudo!

Professora Francisca é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e secretária-adjunta de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

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