
Trágico acidente que matou quatro trabalhadores em Madrid. Imagem: Reprodução X de Emergencias Madrid
A Comisiones Obreras (CCOO) de Madrid, federação regional da maior central sindical da Espanha, exigiu que as empresas da construção civil cumpram integralmente os Planos de Prevenção de Riscos Laborais, após o desabamento de um edifício em obras no centro da capital espanhola, que resultou na morte de quatro trabalhadores.
O acidente ocorreu na terça-feira, 7 de outubro, por volta das 13h, no número 4 da Calle de las Hileras, a poucos metros do Teatro Real e da estação de metrô Ópera, em uma área de intenso movimento turístico.
De acordo com o jornal El País, o colapso parcial do forro da sexta planta fez com que todas as demais desabassem em efeito dominó até o térreo, soterrando parte da equipe que trabalhava na reforma. O edifício estava sendo reabilitado para virar um hotel de quatro estrelas, propriedade do fundo saudita RSR, com obras conduzidas pela construtora Grupo Rehbilita desde fevereiro deste ano.
Quatro vidas perdidas em condições evitáveis
Os corpos das vítimas — três homens e uma mulher — foram encontrados após mais de 12 horas de buscas, realizadas por 18 equipes de bombeiros e 13 unidades do Samur (Serviço de Emergência de Madri), com apoio de drones e cães de resgate.
Segundo relatos de colegas, os trabalhadores Dambéle, Alfa e Jorge, originários de Malí, Guiné e Equador, estavam empregados pela empresa ANKA e recebiam cerca de 1.100 euros mensais. A quarta vítima, Laura, de aproximadamente 30 anos, era uma funcionária administrativa que se encontrava nas dependências do prédio no momento do desabamento.
Outros três trabalhadores ficaram feridos — dois com lesões leves e um com fratura na perna — e foram socorridos pelos serviços de emergência.
“Ouviu-se um estrondo e, de repente, tudo virou fumaça e poeira. Não dava para respirar”, relatou o capataz da obra ao El País.
Falhas estruturais e responsabilidades
O prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, afirmou que o edifício possuía licença de obras regular e estava em conformidade com a legislação urbanística. No entanto, as causas do colapso ainda estão sendo investigadas pela Polícia Judicial Municipal, que trata o caso como acidente laboral.
Para a CCOO de Madrid, o desastre expõe novamente as deficiências nos mecanismos de prevenção e fiscalização da segurança nas obras. A secretária-geral da entidade, Paloma López, declarou que todas as mortes poderiam ter sido evitadas se os Planos de Prevenção de Riscos Laborais tivessem sido efetivamente aplicados pelas empresas e subcontratadas.
“É inadmissível que um trabalhador não volte para casa depois da jornada porque não foram postas em prática as medidas necessárias de segurança. Onde há delegados de prevenção atuando e representação sindical exigindo o cumprimento das normas, há menos acidentes”, afirmou López.
CCOO denuncia falta de controle e precarização
Em comunicado, a CCOO de Madrid destacou que a empresa principal da obra é responsável por elaborar e coordenar o plano de saúde e segurança e garantir que todas as subcontratadas o cumpram. Na prática, porém, esses planos frequentemente ficam apenas no papel, enquanto a cadeia de subcontratações aprofunda a precarização das relações e das condições de trabalho.
O sindicato também alertou para a falta de recursos da Inspeção do Trabalho, que, segundo López, atua apenas após os acidentes. A central exige reforço de pessoal e de estrutura para que a fiscalização possa agir de forma preventiva.
“Todas essas mortes são evitáveis se houver fiscalização, prevenção e responsabilidade empresarial. A Inspeção precisa ter os meios necessários para atuar antes que as tragédias aconteçam”, reforçou a dirigente.
Mobilização por “Acidentalidade Zero”
Em resposta à tragédia, a CCOO de Madrid convocou uma concentração pública para o dia 16 de outubro, às 11h, em frente à sede da confederação patronal CEOE (Confederación Española de Organizaciones Empresariales), sob o lema “Siniestralidad Cero” — Acidentalidade Zero.
A mobilização tem como objetivo cobrar o cumprimento rigoroso das normas de segurança, reforçar a fiscalização e garantir condições dignas de trabalho nas obras e em todos os setores produtivos.
Sobre a CCOO de Madrid
A Comisiones Obreras (CCOO) é a maior central sindical da Espanha, fundada nos anos 1960 durante a ditadura franquista e legalizada após a redemocratização. A CCOO de Madrid representa trabalhadores de diversos setores na capital espanhola, com forte atuação em negociações coletivas, saúde e segurança do trabalho e defesa dos direitos sociais.
Fontes:
- CCOO de Madrid – “Siniestro de la Calle de las Hileras: CCOO de Madrid exige a las empresas de la construcción que cumplan con los Planes de Prevención de Riesgos Laborales”, publicado em 8 de outubro de 2025 (www.madrid.ccoo.es)
- El País – “Cuatro fallecidos en el derrumbe de un edificio en obras en el centro de Madrid”, 7 de outubro de 2025.
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