Por Marcos Aurélio Ruy
Para a cineasta Tata Amaral (Um Céu de Estrelas, Antônia, Trago Comigo e Sequestro Relâmpago) “a Mostra é fundamental para a formação do meu olhar, principalmente, eu que sou cineasta e frequento desde a primeira edição”, também “acho fundamental para a formação do olhar de todas as pessoas a diversidade que a Mostra nos proporciona.”
Já a diretora da Mostra, Renata Almeida afirma que “é quase um estereótipo dizer que estamos em crise. Perdemos um grande patrocinador, mas nunca duvidamos de nossa capacidade” sobre o abandono da Petrobras do patrocínio de um dos maiores eventos de cinema da América Latina.
Os ingressos vão de R$ 500 (permanente integral) a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) durante as sessões das segundas, terças, quartas e quintas e R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia) às sextas, sábados e domingos.
A abertura para convidados acontece nesta quarta-feira (16) com exibição da esperada produção que reúne Brasil, Bélgica, Espanha e França, Wasp Network, do diretor francês Oliver Assayas (Personal Shopper, Acima das Nuvens, Depois de Maio, Carlos, o Chacal).
Baseado no livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais, que relata a história dos agentes da inteligência cubana Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hernández, Ramón Labañino e René González, infiltrados nos movimentos anticastristas em Miami, Estados Unidos, com a missão de evitar ataques terroristas na ilha caribenha. Eles foram presos nos Estados Unidos em 1998 e condenados, em julgamento fraudulento, em 2001 a penas de 15 a 17 anos.
Os cinco passaram a ser tratados com heróis em Cuba e só foram libertados em 2014 com a aproximação dos países por décadas sem relação diplomática. Lembrando que os Estados Unidos ainda lideram um bloqueio econômico desumano a Cuba.
O filme tem Wagner Moura no elenco e conta a trajetória dos cinco agentes cubanos presos por anos nos Estados Unidos, acusados de espionagem e terrorismo. Além do ator brasileiro, estão no elenco a espanhola Penélope Cruz, o mexicano Gael García Bernal, o argentino Leonardo Sbaraglia e o venezuelano Edgar Ramírez.
Acompanhe a programação pelo site oficial do evento
Criada pelo crítico de cinema Leon Cakoff (1948-2011) em 1977, a Mostra deste ano quase não acontece por causa da falta de patrocinadores, especialmente a Petrobras, que foge da cultura como o diabo da cruz na gestão de Jair Bolsonaro.
A Mostra conta também com o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, Parasita, do sul-coreano Bong Joon-ho. Tem ainda Mente Perversa, de Savas Ceviz, sobre pedofilia, com presença confirmada do diretor da obra alemã. O filme argentino de maior bilheteria no país
vizinho, A Odisséia dos Tontos, de Sebastián Borensztein e o palestino O Paraíso Deve Ser Aqui, de Elia Suleiman, também estão na programação.
Os homenageados desta edição são o diretor israelense Amos Gitaï (O Dia do Perdão, A Oeste do Rio Jordão, Um Trem em Jerusalém), assim como Olivier Assayas, que abre a Mostra com Wasp Network, os dois recebem o Prêmio Leon Cakoff. Já o diretor palestino Elia Suleiman (7 Dias em Havana, O Que Resta do Tempo e Intervenção Divina) recebe o Prêmio Humanidade pelo conjunto de sua obra.
A Mostra Brasil conta com A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo, Casa, de Letícia Simões, Chão, de Camila Freitas, O Homem Cordial, de Iberê Carvalho, O Invasor, de Beto Brant, Slam: Voz de Levante, de Tatiana Lohmann, Roberta Estrela D’Alva. Vale conferir.
“A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo abre as janelas da cidade para o cinema do mundo. Muitas dessas obras só podem ser vistas neste evento ou posteriormente em salas especiais de cinema, assim não chegando ao circuito comercial e não atingindo o grande público, infelizmente”, diz Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.