PUBLICADO EM 29 de jan de 2018
COMPARTILHAR COM:

Sem estrutura, Boa Vista já acolhe mais de 40 mil venezuelanos

Todos os dias, por volta de 7h, quase 400 venezuelanos recém-chegados ao Brasil fazem fila na porta da Polícia Federal em Boa Vista.

Muitas vezes desinformados, esperam os portões abrirem para tentar algum tipo de documentação que lhes permita trabalhar no Brasil. O sol equatorial às 8h já está impiedoso, e crianças começam a chorar no colo de suas mães.

Em 2016, no início da onda migratória de venezuelanos para o Brasil em consequência da crise sociopolítica em seu país natal, homens em idade produtiva eram maioria. Hoje, famílias inteiras aportam com uma ou duas malas e poucas perspectivas.

No dia 18 de janeiro, Lilian Ramos, 31, era uma das primeiras na fila da PF. Estava com a filha em um carrinho de bebê, o marido e mais quatro parentes. De Cumaná, no norte da Venezuela, a Boa Vista, demoraram três dias, dois dos quais dormindo na estrada já em solo brasileiro enquanto esperavam carona.

Ramos chegara três meses antes. Trabalhando como babá, juntou dinheiro para trazer a família, que por ora dorme na casa da patroa dela. Mas a estadia é temporária, e ela não sabe para onde se mudará. “Não tenho como pagar uma casa.”

Na mesma fila, dezenas de pessoas não tiveram hospedagem para o primeiro dia, carona na estrada nem trabalho. A consequência é visível em esquinas, praças, calçadas de lojas, bancos e supermercados de Boa Vista.

Cerca de 40 mil venezuelanos estão na capital de Roraima, nas contas da prefeitura -mais de 10% da população da cidade, de 330 mil habitantes. Sem assistência, não conseguem custear passagens para outros Estados com maior oferta de trabalho.

Os sistemas municipais de saúde e educação estão exauridos, os dois abrigos estaduais, superlotados há meses, e o fluxo só aumenta.

Em 2017, 600 crianças foram matriculadas em escolas municipais, 32 mil venezuelanos foram atendidos em unidades básicas de saúde e 277 famílias venezuelanas receberam Bolsa Família.

Fonte: Folha de S. Paulo

Leia também: Sindnapi retoma filiação ao Dieese

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

QUENTINHAS