PUBLICADO EM 26 de jun de 2021
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Ninguém se calará para o Brasil retomar o caminho da civilização

Canções que cantam as dores, os amores e a vontade de suplantar todos os males que afligem principalmente as mulheres, os povos indígenas, os negros, os LGBTQIA+, os pobres

Por Marcos Aurélio Ruy

Como hoje é o Dia Internacional de Luta Contra a Tortura, seis canções para celebrar a vida, a paz, o amor e a luta por um mundo sem tortura, sem ódio, sem preconceitos, sem violência, sem balas perdidas, encontradas em corpos negros, sem femincídio, sem genocídio da juventude negra, com respeito às terras indígenas, aos trabalhadores da cidade e do campo, aos direitos sociais e individuais. Respeito à diversidade humana.

Canções que cantam as dores, os amores e a vontade de suplantar todos os males que afligem principalmente as mulheres, os povos indígenas, os negros, os LGBTQIA+, os pobres. Essencialmente quem vive do trabalho e está sem trabalho por falta de responsabilidade de um governo que não faz nada. Aliás só insufla o ódio, a ignorância e a violência contra quem pensa.

Já passa da hora de dar um basta a tudo isso. Para o canto ser livre e voltado para a transformação do mundo em um lugar onde todas as pessoas vivam, sorriam e possam ir e vir em segurança e em paz. Chega de cale-se.

Francisco, el Hombre

O grupo paulista Francisco, el Hombre é um dos destaques da música popular brasileira contemporânea. Mistura sons latino-americanos com a música brasileira e o rock. Sempre voltado para as questões políticas e sociais.

“Triste, louca ou má

será qualificada

ela quem recusar

seguir receita tal

 

a receita cultural

do marido, da família.

cuida, cuida da rotina

 

só mesmo rejeita

bem conhecida receita

quem não sem dores

aceita que tudo deve mudar

 

que um homem não te define

sua casa não te define

sua carne não te define

você é seu próprio lar

 

que um homem não te define

sua casa não te define

sua carne não te define

 

ela desatinou

desatou nós

vai viver só

 

eu não me vejo na palavra

fêmea: alvo de caça

conformada vítima

 

Prefiro queimar o mapa

traçar de novo a estrada

Ver cores nas cinzas

E a vida reinventar.

 

e um homem não me define

minha casa não me define

minha carne não me define

eu sou meu próprio lar

 

ela desatinou

desatou nós

vai viver só”

 

Triste, Louca ou Má (2016), de Vivien Carelli; canta: Francisco, el Hombre

Marcos Brey

O mineiro Marcos Brey está na estrada há 20 anos. Voltado para o rock, ele mistura esse gênero com sons regionais de Minas Gerais. Brey busca uma simbiose entre os anseios sociais e individuais para mostrar que todas as pessoas são especiais, mas ninguém vive só.

O seu álbum mais recentes “Luzir” será lançado neste sábado (26), em uma live, às 20h no seu canal do YouTube: https://youtu.be/61BP0E_Izs8  Vale conferir.

“Que dia vou te ver sonhar de novo?

Que dia vou te ver sorrir?

 

Quantas pedras estão?

Quão pesado está?

Uma formiga na multidão

O pensar e o ouvir

 

A vida amarga eu sei

Mas em nós há o doce

Um dia de cada vez

Um passo longo ao mês

 

Quantas pedras estão?

Quão pesado está?

Uma formiga na multidão

O pensar e o ouvir”

 

Esperança (2021), de Marcos Brey

Joana Duah

A brasiliense Joana Duah começou sua carreira no grupo Maskavo Roots, em 1993. Depois integrou o grupo Batacotô. Viveu nos Estados Unidos por alguns anos e retornou ao Brasil em 2004, partindo para carreira solo.

Seu trabalho é voltado para a bossa nova. Já se apresentou com João Bosco, Rosa Passos, Jorge Benjor, Ivan Lins, Simone, Gilberto Gil, Dominguinhos, Guinga, Roberto Menescal, e Dionne Warwick, entre outros.

Dá Licença (2007), de Joana Duah

Metallica

A banda estadunidense Metallica formou-se em 1981. Seu trabalho é contundente com um som pesado e poesias ácidas. É uma das mais importantes bandas de heavy metal do planeta.

“Durma com um olho aberto

Segurando seu travesseiro firme

Sai a luz

Entra a noite

Pegue minha mão

Nós vamos para a Terra do Nunca

 

Algo está errado, apague a luz

Pensamentos pesados esta noite

E eles não são com a Branca de Neve

Sonhos com guerras, sonhos com mentirosos

Sonhos com fogo do dragão

E com coisas que vão morder

Sim”

 

Entre Homem de Areia (Enter Sandman, 1990), de James Hetfield, Kirk Hammett e Lars Ulrich

Legião Urbana

Como uma das principais bandas de rock brasileiro, a Legião Urbana existiu de 1982 a 1996, quando o seu vocalista e líder, Renato Russo morreu. Não tinha mais sentido manter o trio brasiliense.

Uma mistura de sons com predominância do rock e as poesias de Renato marcam a vida de gerações. O grupo jamais será esquecido.

“Nas favelas, no Senado

Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a Constituição

Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?

 

No Amazonas, no Araguaia iá, iá

Na Baixada Fluminense

Mato Grosso, Minas Gerais

E no Nordeste tudo em paz

Na morte eu descanso

Mas o sangue anda solto

Manchando os papéis, documentos fiéis

Ao descanso do patrão

Que país é esse?

Terceiro mundo, se for

Piada no exterior

Mas o Brasil vai ficar rico

Vamos faturar um milhão

Quando vendermos todas as almas

Dos nossos índios num leilão

Que país é esse?”

 

Que País É Esse? (1987), de Renato Russo; canta Legião Urbana

 

Chico Buarque e Gilberto Gil

Para se contrapor à todas as formas de tortura, não poderia faltar “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil, que completa 79 anos neste sábado (26). Essa canção foi proibida pela ditadura por cinco anos. Liberada em 1978, foi gravada por Chico e Milton Nascimento, com participação do MPB4.

Permanece atual como um clamor por liberdade, por respeito à todas as pessoas e à vida.

Cálice (1973), de Chico Buarque e Gilberto Gil

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