PUBLICADO EM 25 de ago de 2021
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Com inflação, brasileiro já está comprando menos, mas gastando mais

Puxado pelo aumento da energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 0,89% em agosto. Esse resultado é o maior para um mês de agosto desde 2002, quando atingiu 1,00%. No ano, o indicador acumula alta de 5,81% e nos últimos 12 meses, de 9,30%, apontam os dados divulgados hoje (25) pelo IBGE.

Projeto estimula supermercados em doações de alimentos sobressalentes – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com aumento de 5,00%, a energia elétrica exerceu o maior impacto individual no resultado, sendo responsável por 0,23 ponto percentual no índice do mês. No contexto da crise hídrica, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de julho e agosto. Além disso, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional da bandeira, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos (frente a R$ 6,243 em junho).

Reajustes tarifários em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belém também explicam o resultado em agosto. Com isso, o grupo habitação ficou com a maior alta no mês: 1,97%, equivalente a 0,31 ponto percentual do índice geral. Além da energia elétrica, o grupo habitação foi influenciado pelos aumentos nos preços do gás de botijão (3,79%) e do gás encanado (0,73%).

A segunda maior contribuição para o IPCA-15 de agosto veio dos transportes, com aumento de 1,11%, seguida por alimentação e bebidas (1,02%). A única queda foi em saúde e cuidados pessoais (-0,29%).

No grupo dos transportes, os preços dos combustíveis (2,02%) aceleraram em relação a julho (0,38%). A principal contribuição (0,12 p.p.) veio da gasolina (2,05%), cuja variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 39,52%. Também subiram os preços do etanol (2,19%) e do óleo diesel (1,37%), enquanto o gás veicular registrou queda de 0,51%.

Por outro lado, houve deflação no grupo saúde e cuidados pessoais (-0,29%), que contribuiu com -0,04 p.p. no índice geral. Isso se deve sobretudo à queda nos preços dos itens de higiene pessoal (-0,67%), produtos farmacêuticos (-0,48%) e plano de saúde (-0,11%).

Todas as áreas pesquisadas apresentaram inflação em agosto. O menor resultado ocorreu em Belo Horizonte (0,40%), influenciado pela queda das passagens aéreas (-20,05%) e taxa de água e esgoto (-6,40%). Já a maior variação foi registrada em Goiânia (1,34%), onde pesaram as altas da gasolina (6,31%) e da energia elétrica (3,60%).

Menos comida e menos gasolina

Os gastos nos supermercados cresceram 1,1% em junho, de acordo com a pesquisa de varejo do IBGE, mas com os brasileiros tendo comprado um volume 0,5% menor em produtos deles.

Em julho, os preços dos alimentos nas prateleiras ainda estavam 16% mais caros que há um ano. Carnes, arroz e óleo de soja, alguns dos principais vilões do ano passado, seguem 34%, 40% e 84% mais caros, respectivamente, pelos dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação do IBGE.

Nos postos de gasolina, a distância entre o que o consumidor está pagando e o que está levando vem ficando ainda maior. Em junho, a receita subiu 0,8%, mas o total de litros comprados pelos motoristas, um consumo que vinha esboçando uma recuperação nos meses anteriores, caiu 1,2%.

Puxada pelo preço do dólar e do petróleo no mundo, a gasolina vem repetidamente sendo reajustada para cima pela sua principal fornecedora no país, a Petrobras, e, em um ano, a alta verificada pelo IPCA nos postos é de 40%.

O etanol vendido para os carros brasileiros, por sua vez, está tendo que competir com a disparada nas exportações do açúcar, extraído da mesma cana, e já sobe 57% na bomba.

Como o preço de outras coisas que não dão para trocar ou cortar da cesta tão fácil também subiram muito – caso da conta de luz –, o orçamento das famílias vai ficando mais apertado por outros lados também.

Isso redunda em ainda menos compras nas ruas e atrapalha não só a recuperação do comércio, mas também do Produto Interno Bruto (PIB) como um todo, já que, para medir o real tamanho da economia, importam apenas as quantidades de bens e serviços produzidos e consumidos no país, e não o quanto eles custaram.

Ovo em vez de frango e marcas mais baratas

Pesquisas feitas pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram que as vendas de marcas mais baratas de itens básicos como arroz, óleo e produtos de limpeza, que demoram a ser completamente tirados do carrinho, estão crescendo.

Os indicadores da Abras também apontam que a procura pelas carnes mais baratas está tomando o lugar dos cortes nobres, por exemplo, enquanto a busca por ovos está crescendo mais rápido que a de frango.

Fonte: IBGE e CNN Brasil

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