PUBLICADO EM 23 de jun de 2023
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Ciclo cobra justiça para as vítimas da Multiteiner

Familiares relatam indiferença por parte da empresa

Vítimas da Multiteiner: familiares e sindicato cobram justiça

Vítimas da Multiteiner: familiares e sindicato cobram justiça

A impunidade acerca do acidente que matou nove pessoas e feriu outras 39 na Multiteiner, em Itapecerica da Serra, reforçou nesta quinta-feira, 22, durante o 44º Ciclo de Debates, a cobrança por justiça às vítimas e seus familiares. O encontro também tratou de CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), e ações contra acidentes e doenças do trabalho.

Familiares de duas das vítimas fatais da Multiteiner participaram do encontro, que aconteceu na subsede de Taboão da Serra, do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região. Ambas, lidam com a ausência de seus filhos e de diálogo por parte da empresa. “Nenhum pedido de desculpas, pêsames, nada”, disse Daniel Ribeiro, que perdeu seu filho Diego no desabamento.

Vítimas da Multiteiner

O rapaz completaria 28 anos na próxima segunda-feira, 26. “Sinto falta de tudo”, disse o pai, que, claro, não se conforma com a perda. “É muito difícil, fico imaginando: a vida da gente não vale nada”, enfatizou.

A dor sentida por Ribeiro também devora o coração de Nadir de Moraes, mãe de Jucimara, e a impede de falar. No entanto, as lágrimas, o olhar triste e sua outra filha, Edilene Moraes, falam por ela. Segundo a jovem, nem mesmo a comunicação do acidente foi feita pela empresa: “fiquei sabendo pela televisão”.

Calamidade

O presidente do Sindicato, Gilberto Almazan (Ratinho), chamou a tragédia acidentária de calamidade e detalhou os esforços feitos pela entidade na busca por reparação. “Tem mais de dez instituições trabalhando neste caso, a nossa luta é para que elas passem a trabalhar em conjunto e para que tenhamos justiça”, destacou.

Os participantes do Ciclo também fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas, inclusive daquelas que perderam a vida nos acidentes ocorridos na Cinpal (dois trabalhadores) e na Albras (um trabalhador). “A nossa atuação é para que novos acidentes não ocorram. O trabalho não pode matar, não pode sequelar”, enfatizou João Batista, secretário-geral do Sindicato.

Remígio Todeschini, diretor da Fundacentro, elogiou a proposta do Sindicato de, no caso da Multiteiner, envolver as instituições num trabalho conjunto de investigação e punição. Durante o encontro, ele também destacou a importância do combate a todos os tipos de assédio e, para isso, o fortalecimento da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que, desde março desde ano, passou a ter como atribuições, não só a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mas também, a prevenção e o combate de qualquer forma de violência praticada no trabalho, especialmente o assédio sexual.

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