Sonho de Operário
Composição: Pedro Butina e Walter Meninão/1987)
Intérprete: Bezerra da Silva

Aí, quero ver quem é que vai pegar
O nada consta com a justiça divina

O operário sonhou
Que a elite condenou ele à morte
Depois lhe mandou pro inferno
Por ser pobre, favelado e não ter muita sorte

Olha que foi um desespero danado
Na hora de entrar no caldeirão
Pintou logo um capeta mirim
Lhe perguntando qual era o seu grau de instrução
Porque também para entrar no inferno
Tem que fazer vestibular com o filho do cão

Olha que na continuação de seu sonho
Ele encontrou várias autoridades
Na fila da comprovação tinha muitos civis e militares
Um parlamento completo e até chefe de nação
Foi aí que o chifrudo chefe deu aquela explicação

Lá na justiça da Terra
Vocês não devem nada a ninguém
Porque a lei dos homens é somente aplicada
Em cima daqueles que nada tem
Mas a justiça divina
Não tem jeito de enganar
Nem o poderoso dólar dos senhores
Lá não consegue subornar (e…)

O operário sonhou
Que a elite condenou ele à morte (certo)
Depois lhe mandou pro inferno
Por ser pobre, favelado e não ter muita sorte (erradíssimo)

Vocês na vida material
Abusaram muito do poder e do nome
Fizeram injustiça com os trabalhadores
E milhares de crianças mataram de fome
Por isso estão aqui no inferno
Pela justiça divina condenados
É aí que o provérbio diz assim
Quem deve a Deus paga o Diabo
E o chifrudo gritou

É, quem roubou lá na terra levante o dedo
Não tentem me enganar
Vão falando a verdade eu conheço o segredo
Vou botar vocês no pau de arara
Quem roubou lá na terra levante o dedo (sujou, sujou)

É, mas o operário sonhou
Que a elite condenou ele à morte
E depois lhe mandou pro inferno
Por ser pobre, favelado e não ter muita sorte, é

Fonte: Centro de Memória Sindical