PUBLICADO EM 26 de out de 2020
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Auxílio emergencial conteve desastre, mas em 2021 o horizonte é sombrio

Medidas econômicas amenizaram a crise em 2020, mas, se não for equacionado, o problema pode estourar em 2021.

Alto José Bonifácio, Zona Norte do Recife /Foto: Andrea Rêgo Barros/ PCR)

“Ganho expressivo na massa de renda total do Brasil em 2020” esta é a projeção de consultorias como a MB Associados, a LCA Consultores e a Tendências, segundo matéria divulgada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda feira, 26. Situação inusitada em tempos de pandemia, e que se justifica pela instituição do Auxílio Emergencial “com volume e alcance bem superiores às transferências tradicionais”.

A inesperada bonança provocada pela renda do auxílio, entretanto, pode virar abóbora com “a redução pela metade no valor do benefício e os efeitos negativos da crise sobre o mercado de trabalho”. Mais ainda com o fim do auxílio.

Ou seja, se saldo no ano de 2020 o auxílio ultrapassará a compensação das perdas, a previsão para 2021 é de queda.

Leia aqui três importantes trechos da matéria:

“Para o ano que vem, a previsão é de “forte ressaca” na massa de renda total brasileira. A previsão é de queda de 4,3% em 2021, para R$ 4,03 trilhões (a preços de maio de 2020). O cenário da casa considera uma expansão no Bolsa Família, ampliando os beneficiados de 14 milhões de famílias para 17,5 milhões e o pagamento médio de R$ 190 para R$ 300. “É muito menor do que aquilo que vamos ver nesse ano, o número de domicílios atendidos pelo auxílio e o custo acima de R$ 300 bilhões. Pelo nosso cálculo, seriam gastos R$ 63 bilhões. Mas é o que vemos como possível, dentro do teto de gastos, com a aprovação dos gatilhos emergenciais e certo grau de contingenciamento”, afirma Alessandra da Tendências”.

“Além dos efeitos do auxílio, Cosmo Donato, da LCA, menciona programas para redução de jornada/salário e a suspensão dos contratos neste ano. “Se você olhar para o estoque do Caged [registro de vagas formais], que ronda 38 milhões, e os dados do governo de que pelo menos 9 milhões de trabalhadores estariam sob alguma proteção, tem uma parcela ‘imobilizada’, o que pode estar deixando os desligamentos abaixo do natural, mas nada impede que, conforme a estabilidade vá acabando, haja efeitos nas demissões.””

“A própria redução do auxílio já neste ano deve estimular mais pessoas a voltarem a procurar emprego, pressionando a taxa de desemprego, que deve atingir seu auge (18,5%) em março de 2021, segundo Donato. A LCA prevê queda de 2,5% na massa de renda total no próximo ano. “Você pode estar conseguindo, com as medidas, segurar a renda das famílias e o mercado de trabalho em 2020, mas o desafio ficou para 2021. Poderia até haver uma prorrogação, mas a questão fiscal está se deteriorando. Não fica muito claro quando vamos pagar toda essa conta, mas está claro que, do ponto de vista das famílias, ela não será paga em 2020, talvez o pior ainda seja o que elas vão sentir em 2021.””

Ou seja, cabe ao governo fomentar o crescimento econômico e amparar a população carente, com medidas como o auxílio emergencial, até a efetiva recuperação.

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