PUBLICADO EM 05 de nov de 2018
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A origem dos canudos de plástico descartáveis que poluem oceanos

As empresas americanas Starbucks e American Airlines se juntaram à crescente maré contra esses tubos onipresentes e descartáveis, os canudos plásticos. Elas alegaram preocupações sobre os níveis crescentes de plástico nos oceanos. Embora esses aparatos de beber compreendem apenas mais ou menos quatro por cento de alguns oito milhões de toneladas do plástico que é despejado nos mares do mundo todo ano, grupos ambientais, como o Conservação Internacional, veem o movimento como “uma ação significativa para proteger nossos oceanos”.

Mas, se está claro que clientes podem viver sem eles, esse fato levanta uma questão: porque nós usamos canudos de plástico descartáveis? E como eles se tornaram tão onipresentes, ao ponto de representar o problema com plásticos?

Embora historiadores não tenham certeza da primeira civilização a se agarrar em canudos, grandes macacos mostraram uma tendência de usar tubos para ajudar no seu consumo de bebidas, então “tubos para beber” de uma forma ou de outra provavelmente são usados por humanos por milhares de anos. O uso de canudo mais antigo registrado foi achado numa tumba Suméria antiga, datando de aproximadamente 3.000 AC. Em suas paredes, membros da realeza são retratados bebendo cerveja por longos tubos cilíndricos; entre as oferendas para os mortos estão bebendo aparatos moldados da preciosa pedra azul lápis lazuli.

Plebeus dos tempos antigos até o meio do século XIX usavam materiais mais acessíveis para seus canudos – materiais vegetais com formato natural de tubo, como centeio, juncos secos, ou, surpreendentemente, apenas palha. Esses canudos naturais tendiam a quebrar ou desintegrar durante o uso, e transmitiam um sabor de terra a qualquer bebida em que eram colocados, requerendo que o bebedor usasse múltiplos canudos para terminar uma única bebida.

Marvin Chester Stone, um proprietário de uma fábrica de suportes de cigarros de papel em Washington DC, no final de século XIX, chateado com o resíduo de grama que ele encontrava quando sorvia seu julepo de menta (Nota: coquetel oficial do Derby do Kentucky), decidiu inventar uma alternativa mais palatável ao canudo natural. Em algum ponto dos anos de 1880, ele enrolou algumas tiras de papel em volta de um lápis, colou-as juntas, e revestiu em cera de parafina – e o resto é história de bebidas.

Embora aparatos de beber especializados (e mais duráveis) flutuaram pelos copos americanos por pelo menos trinta anos antes (A. Fessenden aplicou uma patente para um “tubo de beber” de metal em 1850, enquanto E. Chaplin criou um “tubo para beber para inválidos” de borracha) a invenção de Stone se tornou onipresente, como um “substituto para os canudos naturais comumente usados para a administração de remédios, bebidas, &.c., barato, durável e incontestável. Na década depois da aplicação para patente de Stone em 1888, seu canudo de papel e cera se tornou um plus no crescente número de fábricas de refrigerantes, que começaram a remodelar a paisagem dos jantares americanos.

Sua descartabilidade, também foi chave para a popularidade do canudo artificial de Stone. No final do século XIX e início do XX, pessoas que faziam campanha de saúde pública estavam furiosas, travando uma guerra contra “o copo de beber público”, um copo de metal ou de vidro deixado em bebedouros públicos, para todos aqueles que tivessem sede usar. Esses copos comuns foram condenados como uma fonte de muitas doenças que chegavam a levar à morte, nas cidades americanas. Mas copos descartáveis eram caros naquela época. A solução foram os canudos artificiais de uso único, que eram menos prováveis de espalhar doenças.

O canudo de papel passou por muito poucas mudanças nas décadas que seguiram o infame julepo de menta do senhor Stone, além de alcançar seu agora famoso bendy-ness nos anos 1930, graças a um inventor em São Francisco chamado Joseph Friedman. Não foi até os anos de 1950 que os canudos ganharam seu agora infame brilho de plástico. O boom econômico que seguiu a Segunda Guerra Mundial significou mais dinheiro nos bolsos dos consumidores, e uma matriz estonteante de brilhantes novos produtos para eles gastarem. Os plásticos tornaram-se cada vez mais baratos para produzir e as refeições de fast-food, cada uma delas acompanhadas por refrigerantes em copos para viagem, que miravam os canudos de papel mais frágeis, que se rasgavam em pedaços e assim também, proliferavam. Ao longo do tempo, o canudo de plástico ultrapassou o papel como padrão em restaurantes através dos Estados Unidos, e, eventualmente, através do globo.

Hoje, estima-se que os Estados Unidos jogam fora centenas de milhões de canudos por dia (embora o número exato seja difícil de contar). O Instituto World Watch afirma que esses canudos poderiam circular a totalidade da Terra duas vezes e meia, a cada vinte e quatro horas. E enquanto alternativas mais naturais ou reusáveis aos canudos plásticos estão cada vez mais aparecendo no mercado, é claro que o globo ainda tem um tremendo vício em canudos, que está deixando sua marca tanto na saúde do planeta, quanto na qualidade das experiências de beber das pessoas. Talvez a lição da história do canudo é de que é apenas uma questão de tempo antes que nasça a próxima iteração desse eterno aparato de beber.

Fonte: Emelyn Rude para time.com

Tradução: Luciana Cristina Ruy.

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  • rita de cassia vianna gava

    Uma boa medida menos poluição nos oceanos e proteção à saúde dos animais que vivem nele assim como menos sofrimento a eles

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