PUBLICADO EM 17 de jun de 2019
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Demissão intempestiva de Joaquim Levy foi vista como desnecessária

O mercado financeiro viu com espanto a maneira como o presidente Jair Bolsonaro conduziu a demissão de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os executivos temem que isso prejudique ainda mais a visão do investidor estrangeiro sobre o Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro na posse, em cerimônia no Palácio do Planalto, aos presidentes dos bancos públicos: no Banco do Brasil, Rubem Novaes; no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, e na Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.

De modo geral, a ação intempestiva do presidente, que, no sábado (15), disse que Levy estava “com a cabeça à prêmio”, foi vista como desnecessária e como um obstáculo para a atração de bons nomes para o governo. Bolsonaro ameaçou demitir Levy, mesmo sem a anuência de Guedes, que, posteriormente, endossou críticas ao subordinado. “Essa pessoa, o Levy, já vem há algum tempo não sendo aquilo que foi combinado e aquilo que ele conhece a meu respeito”, disse Bolsonaro.

A equipe do governo alegou que “não é de hoje que estão insatisfeitos com o desempenho do BNDES na agenda de redução do tamanho dos bancos públicos”. O presidente da República esperava que o presidente do BNDES abrisse o que chamou de “a caixa preta” de empréstimos feitos durante o governo do PT.

Bolsonaro é comparado a da ex-presidente Dilma Rousseff

Levy, que foi ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff, foi uma escolha do ministro da Economia, Paulo Guedes. Seu nome teve dificuldade de passar pelo “escrutínio” da “direita”. O estopim da crise foi a indicação de Marcos Pinto Barbosa, ex-sócio de Armínio Fraga no Gávea Investimentos, para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento. Respeitado no mercado, ele foi ex-presidente do Banco Central, na Gávea Investimentos. O nome de Barbosa Pinto foi aprovado, seguindo o Estatuto das Estatais, em assembleia do banco.

Nos bastidores, a postura de Bolsonaro é comparada a da ex-presidente Dilma Rousseff, bastante criticada no mercado financeiro por sua “postura impulsiva” em determinadas ocasiões. A avaliação é de que o presidente aparentemente “não está nem aí para o ânimo dos investidores estrangeiros com o Brasil”e que episódios como este “dificultam um ambiente de estabilidade no mercado”.

O fato repercutiu mal no Congresso

Até agora, Guedes era um dos poucos ministros do presidente Jair Bolsonaro que não tinha batido de frente com o Legislativo. Em um momento delicado para a tramitação da Previdência, a nova onda de crises incitou algumas lideranças a buscarem ainda mais o protagonismo das reformas econômicas.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao jornal O Estado de São Paulo que ficou “perplexo” pela forma como o ministro Paulo Guedes tratou o presidente do BNDES. O presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), também criticou a demissão. “O presidente Bolsonaro não entendeu que alguns quadros são suprapartidários. Eles não contribuem com um ou outro governo. Contribuem com o País”, disse ao Estadão/Broadcast. “É uma pena. No fim das contas, quem perde é o Brasil.”

Já o líder do Podemos, José Nelto (GO), levantou dúvidas sobre o real motivo da demissão. “Estou preparando para que ele seja convocado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, ele terá de ir lá explicar o motivo da demissão dele. Se foi por um motivo político ou se foi porque ele não quis abrir a caixa-preta do BNDES. Porque ele não mostrou os empréstimos internacionais, para países da América e da África, para a JBS também”, disse.

O líder do PL (antigo PR), Wellington Roberto (PB) dise que “O governo tem sido inconstante. Muda as coisas, como quem muda de camisa. Ninguém pode ensinar o governo a governar”.

Nomes cotados o BNDES

Entre os nomes cotados para a presidência do BNDES estão os secretários especiais do ministério da Economia Carlos da Costa (Produtividade, Emprego e Competitividade) e Salim Mattar (Desestatização e Desinvestimento). Nome de confiança de Guedes, a presidente da Susep (Superintendência de Seguros Privados), Solange Vieira, também está entre as possibilidades.

 

Fontes: Folha, Estadão

 

 

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