PUBLICADO EM 21 de jun de 2023
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Quantas crianças terão que morrer até termos segurança nas escolas?

Policiais militares em frente ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, Paraná
19/06/2023. Foto: Agência Brasil

Mais um atentado violento numa escola assusta porque nenhuma mãe e nenhum pai querem deixar sua filha ou filho na escola e receber a notícia de sua morte por tiros em um atentado violento, onde uma pessoa entra na escola sem ter nada o que fazer ali.

Foi o que aconteceu nesta segunda-feira (19) no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná. Onde um homem de 21 anos matou a aluna Karoline Verri Alves, de 17 anos, e Luan Augusto, de 16 anos. Ambos baleados na cabeça.

O governo federal, através no Ministério da Justiça e Segurança Pública criou em abril a Operação Escola Segura com alguns resultados promissores, mas muitos governos estaduais não adotaram medidas competentes para garantir que alunas e alunos e profissionais da educação estejam em segurança no ambiente escolar.

Vários governadores como o do Paraná, de Goiás, de Minas Gerais, do Distrito Federal, de Santa Catarina e de São Paulo, entre outros, não valorizam a vida e a inteligência para impedir tragédias como essa do Paraná, onde jovens pagam com a vida o descaso com a educação pública.

Embora algumas medidas tenham sido tomadas, elas têm sido insuficientes para acabar com esse tipo de crime. Como nos Estados Unidos, apenas pensar em policiamento e não atacar a raiz do problema acaba por não avançarmos em políticas para o desarmamento e para a cultura da paz.

Além de termos policiamento no entorno das escolas com policiais bem preparados para lidar com crianças e adolescentes, é fundamental haver concursos públicos para a contratação de mais funcionárias e funcionários. E assim garantir mais segurança para todas as pessoas dentro da escola.

Além disso, é necessário a aprovação imediata do projeto de lei, conhecido como PL das Fake News, para monitoramento contundente das redes sociais e responsabilização das chamadas big techs sobre o conteúdo disseminado em suas plataformas.

Porque liberdade de expressão não é liberdade para matar. Portanto, toda página disseminadora do ódio, propagadora da violência e da discriminação deve ser imediatamente tirada do ar e os seus autores responsabilizados juridicamente. Não é possível que organização fascistas e nazistas ajam com tamanha liberdade e aliciem pessoas para o crime.

Aliado a isso, é necessário rever as políticas de acesso às armas. Posse de arma não pode ser encarada como segurança pública. Por isso, precisamos da criação de um Sistema Nacional de Segurança Pública com base nos preceitos constitucionais de defesa da vida e dos direitos humanos. Também é essencial a priorização da educação pública com valorização do conhecimento e do respeito a todos os saberes, principalmente num país tão gigante como o Brasil.

Já passa da hora de promovermos um amplo debate com toda a sociedade para acabar com a cultura da violência, do individualismo, do se dar bem a qualquer custo e da violência contra crianças e adolescentes. Fundamental termos medidas de segurança, mas precisamos ter políticas públicas de respeito à escola com envolvimento da comunidade escolar. Quantas crianças ainda terão que morrer para garantirmos segurança nas escolas?

Professora Francisca é diretora da Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, da Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE), secretária-adjunta de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e diretora da CTB-SP.

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