A arte da rua emerge desta concretude e reflete momentos da vida nas grandes cidades. Minhas andanças por ali reforçam-me a consciência de como o tempo livre é fundamental.
O contexto no qual precisamos avançar hoje é de enorme adversidade. Pior que isso, é cristalino que as frentes de retrocesso predominam. É fundamental reunir forças para resistir, sem dúvida!
A data de 14 de junho já entrou para a história das lutas sociais de nosso país. Sob comando das centrais sindicais Força Sindical, CUT, UGT, CTB, Nova Central, CSB, Conlutas, Intersindicais, e CGTB e movimentos sociais, populares, estudantis e religiosos, os trabalhadores demonstraram o seu repúdio à proposta de Bolsonaro de reforma da previdência social que tramita no Congresso Nacional.
O empreendedorismo, que pode até ser interessante para um contingente de pessoas das várias classes sociais, não vai resolver o problema da grande massa de desempregados. Mesmo porque, com desemprego em alta, não haverá mercado para consumir os produtos destas empresas.
Manifestação sem comando emperra a possibilidade de diálogo o que dificulta a tomada de uma solução. É que acontece na França. Uma manifestação que encurralou Emanoel Macron, o presidente reformista que pretendia ter um diálogo sem intermediários com a população.
Por isto precisamos valorizar uma conquista dos trabalhadores, o direito de voto, e nos preparar para o embate de 2018 para eleger parlamentares que defendam nossos interesses, governadores e presidente que façam uma política social voltada à maioria.
Não podemos abrir mão da representatividade de toda a categoria, associados e não associados aos Sindicatos, pois esta prerrogativa é constitucional. Até que a Constituição Federal venha a ser alterada, o nosso sistema de organização sindical é o Confederativo, tendo as Centrais obtido o reconhecimento legal para sua atuação, prevalecendo e devendo ser aplicado o princípio da unicidade sindical.
Com a situação que está colocada, lutar por emprego, pela inserção de quem não está com carteira profissional registrada, é ainda mais urgente do que lutar por aumento real, ainda que esta também seja uma luta fundamental.
A Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora resultou de meses de debates entre sindicalistas e técnicos do Dieese em um processo democrático e necessário para definição dos atuais objetivos da luta dos trabalhadores brasileiros, sobretudo no momento crítico que o país vive, depois do golpe antinacional, antidemocrático e antipopular de 2016.
Mas eu sei que as novas tecnologias estão aí. Elas são expressão cada vez mais forte dos novos tempos. E isso não é ruim. Ao contrário. As novas ferramentas de comunicação são mais acessíveis e populares e, acredito que, se bem utilizadas, podem favorecer os trabalhadores, o movimento sindical.
Já os trabalhadores que têm à sua frente uma entidade sindical forte, atuante e representativa, que luta efetivamente em defesa dos seus direitos, dos seus salários e por melhores condições de trabalho, sabem que não estão sozinhos na luta por dignidade.
Creio que o debate sobre espaços poderão ser, não apenas para uma categoria, mas para todos os sindicatos filiados à nossa central, a exemplo de cidades como Manaus-AM, Itajaí-SC e Lajes-SC. Com isso o custo poderia ser compartilhado e, em muitos casos, as atividades poderiam ser inter-categorias, como cursos de cipeiros, formação de militantes sindicais, debates sobre questões sociais e até mesmo atividades de lazer e sociais.
O movimento sindical está junto com os aposentados nesta luta por uma vida digna. Afinal, é preciso acabar com esse sistema injusto que vigora há décadas no País: a maioria trabalha para manter os privilégios de poucos.
Mas, por outro lado, podemos citar diversas ações positivas feitas por quem foi eleito e é comprometido com a coisa pública, como crescimento econômico com geração de empregos, valorização do salário mínimo, maior acesso às universidades, aprovação do 13º salário, redução da jornada de 48 para 44 horas, direitos de férias. Tudo aprovado no Congresso Nacional.
O alto nível do desemprego, que chegou à casa dos 14,25% dos trabalhadores a.a., foi um dos nefastos resultados trazidos pelos altos juros. Outros foram a queda na produção e no consumo.
Mas seguimos acreditando no Brasil, e nos brasileiros, justamente por sermos sabedores daquilo que somos capazes de fazer quando unimos nossas forças, sindicatos, federações, confederações, centrais sindicais e o conjunto dos trabalhadores.
Como os sindicalistas não tinham conhecimento técnico para demonstrar o quanto os rendimentos não correspondiam ao custo de vida, buscaram na intelectualidade apoio para a construção de um sistema de cálculo que refletisse a realidade.
Criado em 1955, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, Dieese, é reconhecido pela sociedade e pela academia. É protagonista do questionamento da inflação manipulada pela ditadura militar e que desencadeou as greves de 1978.
A classe trabalhadora e o povo brasileiro não podem servir de “bodes expiatórios” para experimentos econômicos fadados ao fracasso. É hora do diálogo entre todos os atores sociais. É hora de, juntos, arregaçarmos as mangas e colocar a mão na massa para dar início à reconstrução nacional almejando o Brasil que queremos para nós, nossos filhos e netos.
Reduzir os juros representa impactar diretamente naquilo que alimenta a recessão econômica reativando vários setores da atividade, gerando novos postos de trabalho e impulsionando milhões de trabalhadores ao retorno à formalidade de um trabalho com carteira assinada.
Foi assim na ditadura militar, quando as forças políticas mais consequentes optaram por resistir e disputar por dentro de todos os espaços institucionais possíveis, no parlamento, nos sindicatos e na sociedade civil, a linha da restauração da democracia e da denúncia de suas atrocidades
Com os juros nas alturas, uma carga tributária que causa insônia nos contribuintes, o alto custo tarifário, a precariedade dos serviços públicos e da infraestrutura e, ainda, com as consequentes reduções dos investimentos públicos em todos os setores da economia, não sairemos do lugar.
Vale ressaltar que, como os acordos fechados e as conquistas favorecem a todos os trabalhadores, nada mais justo do que todos contribuírem. O valor será decidido democraticamente em assembleias com um mínimo de 10% dos trabalhadores.
Até parece que eles se esquecem de que valorizar o salário mínimo representa contribuir para uma distribuição mais justa de renda, aumentar a produção e o consumo, fortalecendo o mercado interno, gerando emprego, fazendo girar, enfim, a roda da economia, promovendo o crescimento e o desenvolvimento do País.
Estou convencido de que o atual desafio passa pela construção de um grande pacto entre os diversos setores da sociedade. Um pacto desenvolvimentista que una trabalhadores, empresários do setor produtivo, burocracia pública, além das organizações sociais, movimentos políticos e a sociedade civil.