PUBLICADO EM 04 de maio de 2019
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O self-made-man de Bolsonaro

O empreendedorismo, que pode até ser interessante para um contingente de pessoas das várias classes sociais, não vai resolver o problema da grande massa de desempregados. Mesmo porque, com desemprego em alta, não haverá mercado para consumir os produtos destas empresas.

Juruna

Em seu pronunciamento em cadeia nacional, no dia do trabalhador, em 1º de maio de 2019, o presidente Jair Bolsonaro não falou em emprego, em trabalhador e falou apenas uma vez a palavra trabalho, quando disse “É o meu compromisso com você neste Dia do Trabalho”.

Em vez disso ele falou em “proporcionar, por mérito próprio e sem interferência do Estado o engrandecimento de cada cidadão” e usou seus dois minutos para apresentar a MP da “Liberdade Econômica”, que visa facilitar a abertura de negócios e, segundo o próprio, é uma ação para “tirar o Estado do cangote”.

Falou para empreendedores em um país assolado pelo desemprego.

Segundo o IBGE, o desemprego subiu 12,7% em março, atingindo 13,4 milhões de brasileiros e número de subutilizados atingiu o recorde de 28,3 milhões de pessoas.

Neste contexto, o empreendedorismo, que pode até ser interessante para um contingente de pessoas das várias classes sociais, não vai resolver o problema da grande massa de desempregados. Mesmo porque, com desemprego em alta, não haverá mercado para consumir os produtos destas empresas.

Bolsonaro espelha-se, mais uma vez nos Estados Unidos da América, tentando recriar no Brasil, à força e sem base para tanto, o mito do “self-made-man”, cuja conotação original referia-se a um indivíduo que sai de uma situação de miséria e consegue vencer no campo profissional. Algo que até mesmo nos EUA, de cultura protestante, é questionável, uma vez que a identidade individual se dá de forma coletiva.

O pronunciamento do presidente no dia 1º de maio, travestido de técnico e econômico, foi, mais uma vez, puramente ideológico. Em sua cruzada contra tudo e todos que se opõe às suas ideias estapafúrdias, Bolsonaro parece incluir os conceitos de trabalhador e emprego no pacote da esquerda.

O povo brasileiro, ainda mais empobrecido no governo de Bolsonaro, precisa que o Estado invista em ações de inclusão e proteção social e em subsídios para a geração de empregos. O retorno deste investimento para a sociedade é muito maior do que os números abstratos apresentados por sua equipe econômica. O retorno é um povo com mais dignidade, mais poder e, aí sim, mais cidadão.

João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário geral da Força Sindical

Fonte: Poder360

 

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