PUBLICADO EM 26 de set de 2019
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Sindipeças desrespeita negociação e orienta empresas aplicarem só INPC

Enquanto os trabalhadores e trabalhadoras na base se mobilizam para garantir direitos e aumento real, a bancada patronal deu uma demonstração de afronta. Na tarde de ontem várias empresas da base receberam um comunicado do G3, no qual está inserido o Sindipeças, para aplicar o reajuste salarial de 3,28%, conforme INPC.

Assembleia de Campanha Salarial 2019 com os trabalhdores na SAMOT, em São Bernardo. 24.09.2019 Foto: Adonis Guerra/SMABC

“Isso é uma afronta, aquela empresa que aplicar o que o sindicato patronal está pedindo será a primeira que vamos parar. Nossa luta é pelo acordo, não vamos recuar, avisou o coordenador de São Bernardo, Genildo Pereira Dias, o Gaúcho.

“Com a conjuntura que estamos vivendo no país, os patrões estão indo pra cima como quem diz ‘agora quem manda somos nós’. Eles dizem que reduzindo o piso vão gerar mais empregos. Será que serão os mesmos gerados pela reforma Trabalhista?”, completou.

Durante todo o dia de ontem, as assembleias nas fábricas da base intensificam a unidade por INPC, aumento e cláusulas sociais. A mobilização foi aprovada em assembleias pelos trabalhadores na BCS, em Diadema, Ouro Fino, em Ribeirão Pires, Samot e Fabrimold, em São Bernardo. A luta é pela Convenção Coletiva de Trabalho, reposição da inflação e aumento real.

Diadema

Na BCS, a CSE na fábrica e diretora da FEM/CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT), Maria Gilsa Macedo, contou que as negociações da Campanha Salarial têm sido bastante complicadas.

“Mesmo em alguns grupos que tem Convenção Coletiva assinada por dois anos, querem mexer em cláusulas sociais. Tem bancadas que vieram com a proposta de alterar até o auxílio creche. Estamos na mesa para fazer a defesa dos direitos e só será possível com a força de todos os trabalhadores”, afirmou.

O CSE na BCS, Nivaldo Nunes Bezerra, o Sapão, ressaltou que a disposição é de fazer a diferença na luta e na Campanha Salarial. “É importante estar junto e sintonizado com a conjuntura, que é preocupante, e fazer a reflexão de futuro. O governo brasileiro está sendo ridicularizado na ONU, entrega a soberania ao colocar o Brasil à venda, não tem política industrial, ataca direitos dos trabalhadores, a reforma da Previdência está para ser votada e a democracia está em risco”, explicou.

Ribeirão Pires

Na Ouro Fino, a coordenadora do Coletivo de Mulheres Metalúrgicas, Andrea Ferreira de Sousa, a Nega, ressaltou que nem a reforma Trabalhista nem a Terceirização irrestrita geraram os empregos prometidos, e lembrou o discurso de Bolsonaro na eleição sobre o trabalhador ter que escolher entre empregos ou direitos.

“Vamos ter que combater essa carteira verde amarela, já que quando o trabalhador está desempregado ele não pode ficar escolhendo emprego. Por isso, essa Campanha Salarial é uma responsabilidade de todos nós, não adianta jogar pro outro. Estão querendo acabar com os sindicatos porque é a única voz do trabalhador e da trabalhadora. Não queremos o que é deles, queremos só o que é nosso. O que vendemos é nossa mão de obra, não nossa dignidade”.

O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos, destacou a péssima fase pela qual passa a indústria brasileira, a falta de política industrial desse governo e o acordo de livre comércio com Mercosul e a União Europeia que vai gerar mais desemprego no país.

“Toda essa desgraça que está acontecendo com os trabalhadores no Brasil não atinge os metalúrgicos do ABC porque temos uma Convenção Coletiva que nos protege e impede que o patrão aplique a reforma Trabalhista sem conversar com o Sindicato. A indústria nacional está acabando e o Sindicato está disposto a discutir isso, mas precisa ver se os outros atores estão dispostos. O que não pode é o empresário não sentar para discutir uma coisa séria como essa e querer tirar direito do trabalhador e não repassar nem inflação”.

São Bernardo

Na Samot, a CSE, Maria do Amparo Ramos, reforçou a importância da luta. “Este é um momento muito importante para os trabalhadores e as trabalhadoras. É hora de mostramos unidade para o patrão saber que não vamos aceitar nenhum tipo de afronta”, chamou.

O CSE Paulo Sérgio Silva, lembrou que a bancada patronal, respaldada por Bolsonaro, insiste em retirar direitos.

“Apesar de o Grupo 3 ter a Convenção Coletiva assinada por dois anos, este ano o patrão foi pra mesa decidido a mexer nos direitos. Eles estão pensando que vamos baixar a cabeça e nos curvar diante dessa proposta, mas não vamos, vamos lutar por aumento real e pelos nossos direitos”, disse.

Na Fabrimold, o coordenador de área, Jonas Brito, falou das dificuldades das negociações. “O sentido das mobilizações nas fábricas é mostrar que não vamos aceitar nenhum direito a menos”, disse.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernado do Campo

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