PUBLICADO EM 19 de dez de 2018
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Sindicalista diz que venda da Embraer é bom negócio só para a Boeing

Embraer e Boeing informaram segunda (17) ter aprovado os termos do arranjo que cria uma nova empresa de aviação comercial. A companhia norte-americana vai controlar 80% das ações da nova empresa, enquanto a brasileira fica com 20%. Nota divulgada pelos Sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Botucatu e Araraquara (SP) denuncia que o negócio representa “entrega de patrimônio nacional”.

Foto: Arquivo

A Agência Sindical ouviu Herbert Claros, diretor do Sindicato e funcionário da Embraer em São José dos Campos, SP. Ele afirma que a fusão é um crime contra os cofres públicos.

“A Embraer ficará com 20% da nova empresa de aviação comercial. Dizem ainda que será criada uma segunda empresa, que irá cuidar do KC-390 (avião militar multimissão), onde a Boeing terá 49%. Esse modelo é totalmente brasileiro, desenvolvido com dinheiro público desde 2009. Ou seja, estão entregando ao capital estrangeiro quase a metade de um projeto inteiramente bancado com tecnologia e recursos nacionais”, critica.

Comunicado das companhias informa que as empresas também chegaram a acordo sobre os termos de uma segunda “joint venture”, supostamente para buscar novos mercados para o KC-390. O sindicalista contesta. Herbert lembra que nos bastidores existe a intenção de levar a produção do avião militar para os Estados Unidos, fechando empregos no Brasil.

“O risco de demissões e de transferência de operações para outro país é inerente a esse tipo de negociação”, diz. Ele completa: “O resultado será doloroso. Veremos um projeto nacional, que deveria gerar empregos no Brasil, causando desemprego aqui pra gerar postos de trabalho aos americanos”.

Herbert Claros comenta que já ocorreram demissões na Embraer, mesmo antes da formalização do acordo. “Nesta semana a onda de demissões parou. Seria temerário e chamaria a atenção da opinião pública em meio às negociações. Mas, assim que a empresa for vendida, elas voltarão com força”, adverte.

Campanha – O acordo precisa ser aprovado pelo governo brasileiro, que detém uma “golden share” (ação com poder de veto) na Embraer. Por isso, os Sindicatos seguirão com a campanha ‘A Embraer é Nossa’ e denunciando a venda como crime de lesa-pátria.

“Estamos nas fábricas acompanhando a movimentação, conversando com os trabalhadores e fazendo pressão para que esse negócio não se concretize. Será um baque para a economia se a Embraer fechar fábricas no Brasil. Por isso, essa luta é de todos”, ressalta Herbert Claros.

A empresa emprega 12 mil em São José dos Campos. Em todo o País, a fabricante tem 16 mil empregados.

Mais informações: www.sindmetalsjc.org.br

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