PUBLICADO EM 14 de mar de 2018
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O Jovem Marx “mais vivo que os vivos” para unir os trabalhadores

O filme O Jovem Karl Marx deve encerrar nesta quarta-feira (14) a exibição na cidade de São Paulo. Desejo que resista em cartaz na galeria Olido. Está a preços populares (4 reais e 2 reais) às 15h. Adorei o filme e recomendo. É a primeira impressão que quero compartilhar com vocês e o motivo desse artigo. Marx foi filósofo, jornalista e deixou como legado uma análise revolucionária da exploração capitalista.

Por Railídia Carvalho

Se não der tempo de ver na tela grande onde se ganha em emoção, vou contar um pouco sobre o que me impressionou. A certa altura, Marx vai procurar emprego em uma agência dos correios para conseguir sustentar a família. Faz um teste de caligrafia e é reprovado. É muito triste vê-lo implorando: “Eu aceito qualquer coisa”.

O período retratado no filme (entre 1842 e 1848) mostra Marx antes dos 30 anos e as condições de exploração em que vivem trabalhadores franceses, alemães, ingleses, e todos os outros. Um breve passar de olhos na biografia de Marx vai mostrar que ele e sua família viveram em uma situação muito sacrificante durante boa parte da vida.

A lógica de exploração dos trabalhadores na Europa naquele período retratado (de 1846 a 1848) não ficou na história. Ela se repete hoje em dia no Brasil e no mundo. A reforma trabalhista, que passou a vigorar em novembro do ano passado, obra de Michel Temer, da Globo e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é o passaporte para os trabalhadores brasileiros “aceitarem qualquer coisa”.

O golpe que tirou em maio de 2016 uma presidenta eleita democraticamente pelo povo colocou na presidência um representante do pior empresariado que poderia existir em um país: O patrão que depreda a nação e explora o povo às últimas consequências à semelhança da burguesia parasita que explorava homens, mulheres e crianças no período pós-revolução industrial.

Meus amigos, não nos acostumemos aos desdobramentos do golpe no Brasil. O que vivemos é real. Dessa forma, é imensa a importância do histórico e resistente movimento sindical brasileiro que querem criminalizar e colocar atrás das grades a qualquer custo.

O ponto alto de O Jovem Karl Marx alimenta essa crença na classe trabalhadora quando Friedrich Engels propõe a alteração do lema da Liga dos Justos. Em vez de “Todos os homens são irmãos” entra em cena o “Trabalhadores de Todo o Mundo Uní-vos”. E antes que torçam o nariz para a frase, saibam que eu levo essa máxima muito a sério porque tenho respeito pelo trabalhador brasileiro e acredito que o homem deve fazer sua própria história e jamais se curvar diante do opressor.

Pra mim, o filme é história, ficção e poesia. Dirigido por um cineasta haitiano, Raoul Peck (foto), o filme dialoga com o mundo de ontem e de hoje e foi isso que me encantou e comoveu: saber que o encontro entre Marx e Engels que resultou em O Manifesto Comunista, documento imprescindível na luta dos trabalhadores contra a exploração. Saber que Jenny Marx e Mary Burns foram interlocutoras ativas na redação do Manifesto. E lembrar mais uma vez que a reforma da Previdência Social só foi barrada porque os trabalhadores e o povo brasileiro foram às ruas. Passou um filme atual na minha cabeça.

Se o Jovem Karl Marx sair de cartaz da tela grande nesta quarta é sempre possível recorrer ao youtube. Para conhecer mais sobre o pensador revolucionário acompanhe as atividades que acontecerão em 2018, ano em que se comemoram 200 anos do nascimento de Marx. Não faltarão oportunidades para se inspirar com o legado do velho Marx, que está “mais vivo que os vivos”.

Ano:2017
Produção Alemanha, França, Bélgica
Direção: Raoul Peck
Elenco: August Diehl, Stefan Konarske, Vicky Krieps

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