PUBLICADO EM 25 de jan de 2023
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Versões de São Paulo: filmes que mostram a cidade

Durval Discos. Foto: Reprodução

Falar de cinema sempre rende um bom papo. E, para quem gosta, fazer recortes temáticos é uma diversão instigante. Hoje, por exemplo, dia 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, é um bom pretexto para listar em filmes que retratam a cidade.

Lancei essa pergunta na minha página do Facebook, já indicando São Paulo, Sociedade Anônima (de 1965, Luís Person) como minha principal referência.

Logo vieram outras:

Noite Vazia (1964, de Walter Hugo Khouri)

Noite Vazia – + de 50 Anos de Filmes

O Bandido da Luz Vermelha (1968, de Rogério Sganzerla)

O Bandido da Luz Vermelha – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981, de Héctor Babenco)

Héctor Babenco: 'Pixote' foi mais que uma história | Noticias | EL PAÍS Brasil

Eles Não Usam Black Tie (1981, de Leon Hirszman)

Eles Não Usam Black-Tie

O País dos tenentes (1987, de João Batista de Andrade)

Cidade oculta (1986, de Chico Botelho)

Mostra exibe e debate 'Cidade Oculta' com Arrigo Barnabé e Livio Tragtenberg

Ação entre amigos (1998, de Beto Brant)

Ação Entre Amigos - Filme 1998 - AdoroCinema

Boleiros (1998, de Ugo Giorgetti)

Rede Globo > filmes - 'Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos' é a atração da Sessão Brasil no dia 3

Carandiru (2003, de Héctor Babenco)

Assistir Carandiru online no Globoplay

Estômago (2007, de Marcos Jorge)

Estômago | Netflix

Que Horas Ela Volta (2015, de Anna Muylaert)

Racionais, das ruas de São Paulo pro Mundo (2022, de Juliana Vicente)

Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo | Site oficial da Netflix

Acrescentaria ainda:

Gaijin, os caminhos da liberdade (1980, de Tizuka Yamasaki), que embora se passe em uma fazenda de café no interior do Estado, tem um desfecho na cidade, em meio a uma greve operária que, pela época, pode ser a Greve Geral de 1917. E que também é muito importante por abordar a imigração japonesa, um processo essencial para a formação da identidade paulistana.

Durval Discos (2002, Anna Muylaert), um filme que traz uma dimensão cultural e que circula por uma São Paulo mais alternativa, mas que também mostra, em suas relações confusas, a ansiedade e a melancolia típicas desta cidade.

Durval Discos. Foto: Reprodução

E, no campo dos documentários, Botinada, A Origem do Punk no Brasil (2006, de Gastão Moreira) sobre o surgimento de uma contracultura nas periferias proletárias, rodeadas por fábricas, (a maioria já desativadas) e pelo comércio popular.

Botinada - A Origem Do Punk No Brasil : Olho Seco: Amazon.com.br: DVD e Blu-ray

Minha primeira referência, São Paulo Sociedade Anônima, que assisti pela primeira vez no Centro Cultural Vergueiro, no aniversário de 450 de São Paulo, em 2004, é um filme ousado. Ele aborda um operário em crises existencial de forma elegante e sensível, sem chavões e, principalmente, sem ser panfletário, algo que destrói qualquer filme. Ele é, ao mesmo tempo, Fellini, Godard e Monicelli. Person, em uma palavra.

O diretor correu riscos ao dar profundidade a personagens moldados pelo trabalho e em uma cidade que explodia, e ganhou a aposta criando um filme que traz ao mesmo tempo questões psicológicas e de relacionamento, e o crescimento da cidade com seu movimento contínuo e intrincado. Um belo retrato em preto e branco.

De Gaijin a Que horas ela volta, a seleção que resultou das contribuições voluntárias de amigos da rede social, cobre o período em que o crescimento da cidade foi mais intenso. No conjunto os filmes revelam as contradições da megalópole: uma cidade pulsante, caótica, moderna, acolhedora, generosa, opressora, desafiadora e com muita história. Tratam da memória traumática da ditadura militar, da vida operária, das greves operárias, do lazer e do encontro entre velhos amigos, da desigualdade, da discriminação, da criminalidade onipresente, da violência, da marginalização, da presença massiva de nordestinos que chegaram em São Paulo em busca de trabalho, da dialética que se impõe entre centro e periferia.

Mais do que um centro comercial e econômico, a São Paulo é inspiração para refletir e expressar a condição humana no estado mais radical da relação capital/trabalho.

Carolina Maria Ruy é jornalista e pesquisadora

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