PUBLICADO EM 16 de nov de 2023
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Série This is us: pretensiosa e descuidada

Série This is us

Série This is us: Uma das várias fases da família Pearson, com Jack e Rebecca e os filhos. Foto: Reprodução.

This Is Us começa bem. O capítulo 1 é cativante. A primeira temporada não decepciona. Olhando em retrospectiva, entretanto, vemos que o encanto inicial se deve muito ao encontro de Randall (Sterling K. Brown) e William (Ron Cephas Jones), criando um contraponto à típica família pequeno-burguesa que a série apresenta. Com a saída de William, os problemas sobressaem.

Vista por muitos como “comovente”, This Is Us (produzida pela NBC entre 2016 e 2022 e transmitida pela Amazon Prime e pelo Star +) é uma série de muito sucesso. Mas vi com outros olhos. Outras séries famosas são muito mais críticas, inteligentes e até sensíveis. House MD, Breaking Bad, Mad Men, Lista Negra e Sopranos, por exemplo, sustentam uma ideia disruptiva e questionadora da sociedade. This Is Us, porém, é pró-sistema.

Succession

Ela quer soar como Anos Incríveis (1988), mas, em diversos momentos de suas seis temporadas, lembra Succession (2018), aquela da odiosa família bilionária.

This Is Us lembra Succession não só pela concepção egoísta e autocentrada de família. Lembra pela centralidade do patriarca, pela simbiose entre os irmãos, pelas conversas onde quem não é da família tem que se retirar, pela noção de que vale tudo em nome da família e pela alienação quanto a todo o resto. Só que há uma diferença fundamental: em Succession somos convidados a odiar os Roys e em This Is Us somos incitados a amar os Pearsons.

A série aborda temas sociais, como a questão racial, a homossexualidade, a obesidade, a adoção, traumas de guerra e o Alzheimer. Mas, ao mesmo tempo em que a família de Randall lida com situações sensíveis como a adoção de uma moça já criada, e ao mesmo tempo em que fala em “microagressões”, ele e a esposa Beth rejeitam o relacionamento da filha com um rapaz que mora no bairro pobre porque “não é gente do nível dela”.

Como os animais são tratados

Também não condiz com a imagem que a série quer passar, a maneira como os animais são tratados. A ideia de que salvar o cachorro da família de um incêndio é apenas um capricho que se desdobra em um erro, por exemplo, é uma grosseria. Ou a ideia de que a morte dos peixinhos das crianças foi uma “bobagem”. Ou, que esmagar o mini lagarto de estimação da filha deveria ser “engraçado”. Os criadores da série foram descuidados ou foi intencional reforçar a mensagem de que os animais são como objetos descartáveis?

Engraçado que até em séries mais violentas, como Sopranos e Lista Negra, ou mais cínicas, como House, os animais são tratados com mais dignidade.

American way of life

A série flui bem, é bem amarrada e os personagens são bem construídos. E isso é um problema porque envolve o espectador em um grande fetichismo do American way of life, com todos os vícios que a expressão possui, inclusive o papel do homem como provedor e “pai de família” e da mulher como cuidadora e “procriadora”.

O final, pensado para ser grandioso e catártico, é entediante e conservador como um especial de fim de ano da Rede Globo. A série exalta momentos de união familiar como se isso fosse uma verdade universal. Como se da porta pra dentro, a família americana – o pai, que é o esteio, a mãe, idealista, e os três filhos, a menina, o bonito e o inteligente – fosse a força capaz de irradiar ondas de felicidade até atingir a paz mundial.

Sabemos, contudo, que não só esse não é um modelo realista, como ele pode ser muito opressor, dada a complexidade da natureza humana, da relação com a sociedade e com o mundo natural.

This Is Us está mais para uma novela com um roteiro batido, do tipo que gira em torno da expectativa de quem vai casar com quem. É bem produzida, mas sua essência passa longe da qualidade criativa e intelectual das grandes séries.

Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical

Veja aqui o trailer da primeira temporada:

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  • Renata Evangelista

    Lendo sua análise ficou claro e óbvio que o único objetivo deste texto era “caçar cliques”, através do seu título sensacionalista e de um texto tão raso e descabido que parece comédia…Pelo que li dos outros comentários vc conseguiu trazer aqui diversas pessoas que como eu, assistiram a série e que concordam que sua análise não faz sentido nenhum, mas seu objetivo de nos fazer ler tanta bobagem foi alcançado….Parabéns por coisa nenhuma

  • Fernando

    Acredito que na realidade pessoas maltratam e desdenham de animais, tenham simbiose familiar e excluam pessoas do convívio. Tem séries e filmes que desrespeitam muita mais os bons costumes com violência, sexo e drogas, mas, isso passa despercebido. Muito mimimi neste comentário progressista.

  • Renato

    Por que eu perdi tanto tempo lendo essa pseudo-critica de quem não entendeu a série? Que análise rasa!!!
    Vi problemas na série também. Achava cansativo o arco sobre o Vietnã, toda a história do tio Nick, alguns dramas do Kevin, entre outras coisas… Mas sensibilidade do texto, roteiro, atuações, trilha sonora… Vai demorar a aparecer uma série com tamanha profundidade!

  • Alessandra

    Você so pode estar brincando .
    Profunda
    Sensivel
    Mas lida com temas que nao gostamod de falar ,queremos deixar lá debaixo do tapete .
    Ajida e vem ajudando milhares de seres humanos a se verem ali e buscar novas estratégias .
    Ah fala de algo …que talvez pra voce nao interesse
    Amor
    Respeito
    Superaçao
    De Nós

  • Caroline

    Gente, que escreveu essas asneiras?
    This is us, foi a melhor série que já vi!!!
    Quem nunca teve uma situação como alguma situação dessa família?
    Achei muito interessante e inteligente, pois todo o presente deles é explicado com o passado.
    Somos formados por experiências de vida.
    Cada personagem tem uma fraqueza, que é explicada devido aos traumas do passado.
    Série maravilhosa.
    Me identifiquei muito com a série.

  • Juliana

    Sou “esquerdista” e feminista como o pessoal esta comentando, mas achei essa critica péssima. Que eu me lembre, a série é ambientada no final dos anos 70, inicio dos anos 80, e não é pq hoje em dia temos uma visão diferente sobre várias questões, que toda série tem q problematizar isso. Todos os acontecimentos estão inseridos numa questão de época, e tudo condiz com a realidade de muitas pessoas, mesmo que não tenha sido a sua. Fala sobre familia, mesmo que a sua não tenha essa constituição. Eu vi muita coisa da minha familia ali, me identifiquei, e achei a serie perfeita.

  • Dayana

    Que tristeza o ódio da feminista contra uma família feliz e tradicional. Se não lacrar em tudo não serve né? Que novidade…..

  • ANA CLARA CAMPOS COELHO

    UAU!!! QUE ANÁLISE HORRÍVEL.
    Certamente que a mulher que escreveu é esquerdista, feminista e bem frustrada com a vida ao ponto de não conseguir enxergar a beleza de uma família bem estruturada.
    This Is Us é uma série linda e que faz as pessoas refletir sobre a vida do começo ao fim.

  • Miriam

    Os criadores não culparam o cachorro pela morte do Jack. Eles retrataram a visão da Kate e dos irmãos, todos muito novos pra entender a complexidade da situação e o que essa visão acarretou psicologicamente na Kate pelos anos seguintes.

  • Junior Freitas

    Acho que essa sindicalista realmente não assistiu a série. Que análise patética e doutrinada. This is us é uma série que resgata valores que essa sociedade perdeu faz tempo

  • RAQUEL MENDES

    Nossa!! Que viagem na maionese esse texto. A autora definitivamente não deve ter assistido ou é mto ruim de interpretar. Vamos aos pontos: 1) Jack patriarca: isso foi nos anos 70 mais ou menos. Não era assim na maioria do mundo? Ao menos aqui no Brasil era. A maioria das mulheres se casava, o homem trabalhava fora e a mulher cuidava da casa e dos filhos.
    2) Randal e Beth não proibiram o namoro por causa da origem do rapaz, mas sim pq a Deja queria largar a escola para morar com o namorado e cuidar do filho dele com outra moça. Ela era apenas adolescente, faz sentido ela largar estudo pra cuidar do filho dos outros? Quais pais defederiam isso? Tanto é que ao final da série a Deja adulta está grávida do namorado da adolescência. 3) Animais descartáveis: sério mesmo que vc trocaria a vida do seu pai por a de um cachorro? Amo minhas gatas, mas entew salva-las e salvar meus pais ou minhas filhas eu não teria dúvida. Por fim, a perfeição da série está justamente em não ter personagem perfeito. São todos humanos com qualidades e defeitos, que em algum momento pisaram na bola feio. De fato há famílias que não se dão bem. Mas há o contrário tbm, assim como a série mostra, que em algum momento se desentende por algum motivo, mas estão ali unidos e se amam. Pelo jeito do texto passa a impressão que a autora leu apenas sinopses de cada temporada para escrever esse texto.

    • Carol Ruy

      Prezada, agradeço sua leitura e suas observações. Gostaria de esclarecer alguns pontos. Garanto que assisti todos os capítulos de todas as temporadas. 1 – os três irmãos nascem em 1980 e Jack morre em 1998. Portando seu “patriarcado” ocorre nas décadas de 1980 e 90. Mas, mesmo com sua morte, ele continua sendo a figura central e patriarcal da família. 2 – Beth e Randall questionaram a origem social de Malik antes da situação que você relata, logo no início do relacionamento, quando os pais de Malik vão a um jantar na casa de Deja. Eles questionam, inclusive, para o próprio pai de Malik. 3 – O desprezo aos animais ocorre em várias cenas, o que mostra que não é pontual. Porque os criadores da série resolveram culpar o cachorro pela morte de Jack? Isso, em meu entendimento, passa uma mensagem muito ruim para o espectador, uma mensagem que o cachorro é descartável. Isso foi uma opção da série, não uma situação da vida real. E, ainda, na ocasião do incêndio, Jack resolve resgatar vários objetos, como o álbum de fotos da família. Mas é o cachorro que leva a culpa. Além disso, fala-se muito no resgate de “valores” que a série apresenta. Mas, o mesmo Jack que é a figura afetiva central da série, abandona o pai, a mãe e o irmão. Que valores são esses, afinal? Agradeço mais uma vez sua atenção. Carolina Maria Ruy.

  • ANA ROSA DE SOUZA GONCALVES

    Como a personagem principal, uma mãe de trigêmeos vai trabalhar e deixar seus filhos com babá? Corretíssimo a atitude e escolha da protagonista Rebecca. Não sou machista nem tampouco feminista e antes que falem que sou dona de casa que depende de marido, sou militar aposentada, casada há quase 30 anos. Porém respeito, e muito, a decisão de mulheres que optaram por ficar em casa para educar seus filhos, não vejo problema algum. Assisti a série toda e recomendei a muitos amigos. É uma série que você pode sentar com toda a sua família e curtir sem medo de constrangimentos. É linda, resgata sentimentos de respeito, honra e fraternidade. Representa, sim, muitas famílias, inclusive a minha, que aliás, é multirracial.

QUENTINHAS