PUBLICADO EM 19 de set de 2018
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Sindicalistas anunciam apoio a candidatura de Ciro Gomes

Em discurso de 25 minutos, Ciro disse que estava com “a vida ganha” e não pensava em ser candidato, mas decidiu reagir a partir do impeachment. “Fui para a rua brigar, e me sentiria um covarde se não fizesse isso.”

MIguel Torres, presidente interino da Força Sindical fala no evento/Foto: Jaélcio Santana

Lideranças sindicais da Força Sindical, da Confederação dos Sindicatos Brasileiros (CSB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT), e da Nova Central Sindical anunciaram nesta quarta-feira, 19, o apoio conjunto ao candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes.

De acordo com um dos assessores da campanha do pedetista, o apoio tem como objetivo fazer frente ao suporte que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) dá ao candidato do PT, Fernando Haddad.

A aproximação de Ciro com sindicalistas já vem de longa data, mas foi estreitada pela presença de Antônio Neto na chapa do PDT ao Senado por São Paulo. Neto é presidente licenciado da CSB.

O anúncio do apoio é feito na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais de São Paulo, entidade ligada à Força Sindical.

 

“Nós trabalhadores temos a sorte de que pela esquerda há dois candidatos que estão bem. O companheiro Haddad, da CUT, e o Ciro, que tem o nosso apoio. Mas nós não vamos pelo Datafolha ou pelo Ibope. Vamos com Ciro”, afirmou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Ciro Gomes no ato sindicato em apoio à sua campanha/Foto: Jaelcio Santana

“Acho que a vitória está se garantindo aqui, hoje”, disse Ciro Gomes no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na região central da capital paulista, recebido por dirigentes de quatro centrais. Com estocadas no petista Fernando Haddad, o presidenciável do PDT recebeu um chapéu que foi usado por Leonel Brizola em 2004 e se disse “escolado” em relação a pesquisas de intenções de voto. A referência era ao Ibope, que ontem o mostrou em desvantagem, no terceiro lugar, em relação a Haddad.

“Sou completamente escolado. Esse filme eu já vi todinho”, disse Ciro, ao citar o mesmo instituto, que segundo ele em setembro de 2014 colocava no segundo turno Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (Rede), bem à frente de Aécio Neves (PSDB). Dilma foi, mas terminou quase empatada com o tucano, até então considerado fora da disputa, lembrou o candidato. Ele criticou o que chamou de “desmantelo” da política econômica da própria Dilma e de Michel Temer e afirmou que Aécio, ao não reconhecer o resultado das urnas naquele ano, precipitou a crise política.

“Eu quero unir o Brasil, quero encerrar essa jornada de violência, de ódio”, afirmou o candidato do PDT. “Precisamos derrotar o fascismo”, acrescentou, referindo-se a Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ele, dizer que o trabalhador precisa optar entre emprego ou direitos, como fez o candidato, é “mentira”. O pedetista falou mais uma vez em revogação da “reforma” trabalhista, “decidida nos gabinetes”, sem negociação e sem um período de transição. “Vamos pra cima e revogar todas essas impertinências, substitui-las por um projeto novo, que valorize quem trabalha.”

Ciro chegou à sede do sindicato ao lado do presidente nacional do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, do presidente interino da Força Sindical (e do próprio sindicato), Miguel Torres, e do secretário-geral da central, João Carlos Gonçalves, o Juruna. Também estavam lá, entre outros, Antonio Carlos dos Reis, o Salim, vice-presidente da UGT, e o secretário-adjunto do Serviço Público e dos Trabalhadores Públicos da CTB, Marcos Antonio Correa da Silva, o Marquinho. Os dirigentes da CTB apoiam majoritariamente a chapa Haddad/Manuela D´Ávila (PCdoB). A CUT já manifestou apoio à chapa.

A plateia tinha representantes da Nova Central e da CSB, cujo presidente, Antonio Neto, é candidato a senador na chapa de Ciro. Outro ex-ministro, Antonio Rogério Magri, hoje assessor da Força, participou do ato.

Também vice da UGT, o ex-deputado Roberto Santiago (PSB) fez parte da mesa e defendeu Ciro – e seu temperamento. “Em determinados momentos, se você não tiver essa veemência, mostrar a que veio, já teria sido superado, não seria o Ciro que conhecemos. Aqui não tem Cirinho paz e amor, tem Ciro verdadeiro, que vai tocar este país.”

Miguel afirmou que o candidato do PDT foi o primeiro a defender a revogação da “reforma” trabalhista. “Você falou isso na cara do empresariado”, disse ainda, lembrando de evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Queremos que este país tenha um projeto nacional de desenvolvimento”, defendeu Miguel, acrescentando que, daqui até o dia de eleição, serão “25 horas por dia” de campanha para eleger Ciro. Vários falaram ainda da revogação da Emenda Constitucional (EC) 95, de congelamentos de gastos públicos.

Sindicalistas das centrais Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB presentes no evento em apoio a Ciro/Foto: Jaelcio Santana

Momento de brigar
Houve um momento simbólico, em que o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da Força citou uma foto, em sua sala, em que aparece ao lado do ex-governador Leonel Brizola, em 2004, ano em que o líder máximo do PDT morreu. Miguel Torres lembrou que Brizola um chapéu que ele mantém guardado até hoje, e o ofereceu para Ciro, que pôs na cabeça e posou rapidamente para fotos, com o braço direito erguido.

Em discurso de 25 minutos, Ciro disse que estava com “a vida ganha” e não pensava em ser candidato, mas decidiu reagir a partir do impeachment. “Fui para a rua brigar, e me sentiria um covarde se não fizesse isso.” Segundo ele, a elite brasileira contraria seus próprios interesses ao resistir a mudanças. “O capitalismo moderno se afirma no consumo de massa, que se afirma na renda. O motor do consumo é o salário, a renda e o crédito”, afirmou.

Sobre Haddad, disse ser “boa pessoa”, mas acrescentou que dois anos atrás o petista, apoiado por Lula, perdeu “de lavada”, em primeiro turno, ao tentar a reeleição contra o “farsante” João Doria. “Isso não diminui ele”, afirmou em seguida, questionando, no entanto, a capacidade do petista de conter o avanço “do nazismo, do fascismo, do extremismo”. Na rápida entrevista coletiva ao final do ato de apoio, incomodou-se com repetidas perguntas de um repórter sobre Haddad. “Você só quer saber de futrica”, respondeu, sorrindo.

Fonte: O Estado de São Paulo ; Rede Brasil Atual

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