PUBLICADO EM 08 de maio de 2018
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Joaquim Barbosa sai do páreo

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa costuma dizer que a vida pública no Brasil é “um apedrejamento constante”. Nesta terça-feira, depois de muito suspense, ele finalmente desistiu de se colocar novamente na posição de alvo: anunciou que não vai se candidatar à Presidência da República.

Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Há um mês, ele havia se filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que o via como a maior esperança de chegar pela primeira vez ao Palácio do Planalto. Em pesquisa Datafolha, Barbosa despontou com 10% das intenções de voto.

O ex-ministro anunciou sua desistência no Twitter. “Decisão estritamente pessoal”, escreveu.

A possível campanha poderia ter acabado no dia 7 de outubro, data de seu aniversário de 64 anos e também do primeiro turno das eleições. Se ganhasse, Barbosa seria o segundo presidente negro da história do Brasil – o primeiro foi Nilo Peçanha que governou entre junho de 1909 e novembro de 1910.

Nascido em família pobre da pequena Paracatu (MG), de pai pedreiro e mãe faxineira, Barbosa é primogênito de oito irmãos, foi também faxineiro, antes de se tornar digitador em gráfica e de estudar Direito em universidade pública. Depois vieram o mestrado e o doutorado no exterior, o cargo de procurador da República, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se tornando posteriormente, o primeiro negro a presidir a Corte.

Joaquim Barbosa despontou no cenário eleitoral no momento em que políticos e partidos tradicionais são alvo de denúncias, processos e prisões. Analistas avaliavam que ele poderia conseguir votos à direita, por conta da imagem anticorrupção construída durante o julgamento do mensalão, mas também à esquerda, por sua origem e preocupação com temas sociais.

Na época do julgamento, sua postura “rígida”, condenando vários réus a sentenças que resultaram em vários anos de prisão, garantiu popularidade e capas de revistas semanais como um “homem que estava mudando” o país.

Por outro lado, o conturbado julgamento dos réus do mensalão também criou entre críticos uma imagem de juiz arrogante e intransigente. Um juiz que, ao defender suas teses, não aceitava opiniões contrárias. Foram muitas as discussões acaloradas com Ricardo Lewandowski, que era o revisor do processo.

Em um dos episódios, o relator, Joaquim Barbosa, afirmou que o colega de Corte fazia “vistas grossas” contra fatos que apontavam que os réus recebiam propina. Para ele, não era possível divergir de fatos.

Lewandowski se disse “estupefato” com a declaração, acrescentando que Barbosa não aceitava quem o contrariasse. O presidente do STF na época, Ayres Britto, concordou com Lewandowski e disse que fatos podem ser interpretados de formas diferentes por diversas pessoas.

Fonte: BBC Brasil

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