PUBLICADO EM 08 de set de 2021
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Inflação faz saques da poupança superarem depósitos após quatro meses

De acordo com a reportagem da Agência O Globo, os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos no mês de agosto em R$ 5,46 bilhões

Com gasolina, gás e alimentos mais caros, saques da poupança superam depósitos – Foto: Marcelo Camargo / Abr

Os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos no mês de agosto em R$ 5,46 bilhões, após quatro meses de resultados positivos, como informou o Banco Central. É a primeira vez desde a volta do pagamento do auxílio emergencial, em abril, em que há um resultado negativo. Especialistas atribuem o movimento à alta da inflação.

No início do ano, durante os três meses em que não houve pagamento de auxílio emergencial, os números foram negativos na ordem de R$ 27,5 bilhões. Mas, com a instituição do novo benefício — ainda que bem menor ao pago em 2020 — a captação da poupança voltou a ser positiva, com R$ 3,8 bilhões, tendo sido junho o mês com mais alto valor em depósitos.

Segundo o Relatório de Poupança de agosto, o total investido na modalidade permanece superior a R$ 1 trilhão. Pela regra que vigora hoje, a caderneta rende 70% da Taxa Selic, acrescida da Taxa Referecial, que está zerada.

Para Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec RJ, os saques se devem à necessidade de recomposição dos orçamentos familiares, já que muitas pessoas mantêm a poupança como reserva de emergência.

“Diante da alta da inflação, que atinge sobretudo os alimentos e os combustíveis, os salários ficam defasados e perdem o poder de compra. Isso faz com que as pessoas tenham que recorrer ao dinheiro que possuem guardado. O fato do auxílio ainda ser pago não impede os saques porque o valor está muito reduzido, em relação ao período anterior”, opina Braga, que acredita que os saques irão se intensificar ainda mais até o fim do ano.

O especialista em finanças da Impacto Consultoria financeira, Felipe Nogueira, concorda. Segundo ele, a necessidade de saque ocorre para a não realização de empréstimos ou linha de crédito visto que a renda de muitas pessoas diminuiu.

Por outro lado, Nogueira afirma que pessoas com renda mais alta que mantinham ainda recursos na poupança têm despertado para melhores opções de aplicações, em busca de maior rentabilidade, o que também pode ter contribuído:

“É uma mudança de comportamento gradual. As pessoas também estão ganhando confiança em aplicações realizadas com menor valor, fazendo atualmente novos aportes, com mais capital.”

Fonte: Agência O Globo

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