PUBLICADO EM 17 de abr de 2019
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IDHM surpreende em 2017 e tem leve alta, mas desigualdade não cede

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil, um indicador de bem-estar social, teve alta tímida em 2017, puxado pela melhora na educação e aumento da longevidade da população. O crescimento não foi maior por causa da queda da renda per capita no período, segundo dados elaborados pela Fundação João Pinheiro, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O IDHM Brasil subiu de 0,776 para 0,778. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento. Assim, na média, o índice brasileiro se manteve na faixa de alto desenvolvimento humano. Persistem, contudo, grandes desigualdades entre sexo, cor e regiões do país.

A ligeira alta no IDHM Brasil surpreendeu os pesquisadores envolvidos no trabalho. Após a recessão que durou de 2014 a 2016, a expectativa era de dados piores. Segundo eles, o resultado ressalta a importância da continuidade de políticas voltadas à população de menor renda. “Os dados mostram que há uma resiliência das políticas sociais. Esperávamos resultados não tão bons”, afirmou Maristela Baioni, coordenadora de área programática do Pnud.

O IDHM Renda, único a ceder, saiu de 0,748 para 0,747 entre 2016 e 2017 por causa do recuo de 0,92%, de R$ 842,04 para R$ 834,31 na renda média per capita do país. Com isso, em 2017, a proporção de pessoas vulneráveis à pobreza cresceu 0,5 ponto percentual, atingindo 25% da população brasileira. O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, ficou estável em 0,55 em 2017 ante 2016. Aqui, quanto mais próximo de um, mais desigual o país.

“No Brasil, ainda que resultados tenham sido alcançados na redução da pobreza, é possível identificar uma nova tendência de aumento, ou seja, de redução da renda per capita da população, com o ingresso de pessoas na situação de pobreza e uma estagnação no índice de Gini”, diz o texto divulgado pelas entidades.

A queda na renda foi contrabalançada pelo aumento do IDHM Longevidade, de 0,845 para 0,850, puxado pelo crescimento da esperança de vida ao nascer de 75,72 anos para 75,99 anos, na média do país. Já o IDH Educação subiu de 0,739 para 0,742, por causa exclusivamente do índice que mede a frequência escolar, uma vez que o de escolaridade permaneceu quase o mesmo: 64,4% da população adulta tinha o fundamental completo em 2017, contra 64,3% em 2016.

O trabalho, reunido no relatório “Radar IDHM”, é baseado nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Continua, iniciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2012. Daquele ano até 2017, os indicadores de uma forma geral melhoraram. Houve a queda de, em média, 4% ao ano da mortalidade infantil (até 1 ano de idade) e aumento de 1,6% ao ano no nível de escolaridade e frequência escolar. Apesar disso, o estudo também aponta problemas nos níveis finais dos ensinos fundamental e médio.

Na faixa entre 15 e 17 anos, a frequência escolar caiu, o que preocupa os pesquisadores. “Não chegamos a ter 60% dos jovens com ensino médio completo na idade correta. Há evasão de jovens sem completar o fundamental”, diz Marco Aurélio Costa, coordenador do Radar IDHM pelo Ipea.

A evasão pode resultar na piora da escolaridade média do país, que já não é das mais altas. Em 2017, apenas 69,6% dos adolescentes de 15 a 17 anos tinham concluído o fundamental e 59,3% dos jovens de 18 a 20 anos tinham completado o ensino médio.

No corte por cor e sexo, grandes desigualdades permanecem, mas um pouco menores. O IDHM da população branca do país caiu de 0,819 para 0,817, e o da população negra subiu de 0,728 para 0,732. Ainda assim, a renda per capita dos brancos era quase o dobro da dos negros: R$ 1.144,76, contra R$ 580,79. O desequilíbrio entre homens e mulheres também se reduziu. O IDHM das mulheres aumentou de 0,769 para 0,772, enquanto o dos homens cresceu menos, de 0,772 para 0,773. Embora o IDHM de renda das mulheres tenha aumentado a 0,660 ainda era muito inferior ao de 0,814 alcançado pelos homens.

Fonte: Valor Econômico

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