PUBLICADO EM 09 de jun de 2021
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Desmatamento de áreas protegidas cresce 20% na Amazônia

Terras indígenas Yanomami, Alto Rio Negro e Munduruku são as mais pressionadas pelo desmatamento na Amazônia

Impacto do garimpo no rio Parima, TI Yanomami, com destaque para o despejo de materiais sólidos em dezembro de 2020 – ISA/HAY

Uma área de 1.767km² foi desmatada na Amazônia entre fevereiro e abril de 2021, revelou o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) através do monitoramento trimestral Ameaça e Pressão do Instituto Imazon.

A última análise do desmatamento dentro das áreas protegidas da Amazônia feita pelo Imazon mostrou que as três terras indígenas mais pressionadas foram a Yanomami (AM/RR), Alto Rio Negro (AM) e Mundurukú (PA). Os dados são do monitoramento trimestral Ameaça e Pressão, publicado nesta terça-feira (08).

“Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global”, explica o Imazon.

O levantamento faz uma diferenciação entre ameaça e pressão.

AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.

PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar à desestabilização legal e ambiental da AP.

Os território Yanomami e Munduruku foram alvos de ataques de garimpeiros ilegais recentemente, casos que motivaram ordens judiciais de proteção. No levantamento, ambas as terras indígenas também apareceram entre as 10 mais pressionadas, na primeira e na sexta colocação, respectivamente.

“As ocorrências de desmatamento dentro de terras indígenas se intensificaram nos últimos anos com o objetivo de extrair recursos naturais dos territórios, como madeira e minérios, e de exercer pressão para a redução de seus limites através de projetos de lei, legalizando as ocupações ilegais que ocorrem através do desmatamento”, explica o pesquisador do Imazon Antonio Fonseca.

O SAD revelou que as ocorrências de desmatamento cresceram 19% neste ano se comparadas com o mesmo período de 2020. Para ver o boletim completo, clique aqui.

Em Terras Indígenas

As TI Uru-Eu-Wau-Wau (RO), TI Trincheira /Bacajá (RA) e TI Parakanã (PA) foram as APs mais ameaçadas no período. Já a TI Yanomami (AM/RR), TI Alto Rio Negro (AM) e TI Munduruku (PA) lideram o rancking das mais pressionas.

Em Unidades de Conservação Federais

As unidades Flona do Jamanxim (PA) e Flona do Tapajós (PA) conquistaram as primeiras posições tanto no ranking de ameaças quanto de pressão. Parna Mapinguari (AM/RO) também integra o topo da lista de ameças e a Resex Chico Mendes (AC) a de pressão.

Em Unidades de Conservação Estaduais

APA do Lago do Tucuruí (PA), PES Serra dos Reis (RO) e Resex Guariba-Roosevelt (MT) registraram o maior número de ameaças no período, enquanto as APAs Triunfo do Xingu (PA), Lago do Tucuruí (PA) e Caverna do Maroaga (Presidente Figueiredo) (PA) ficaram com os mais registros de pressão.

“Entre fevereiro a abril, 42% da APA Triunfo do Xingu apresentou ocorrência de pressão. Ela está localizada entre Altamira e São Félix do Xingu, dois municípios que apresentam intenso histórico de desmatamento, o que faz com que essa APA estadual sempre apareça no topo do ranking das mais desmatadas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

Percentual de ameaça e pressão por categoria de áreas protegidas

Nas Terras Indígenas, 79% das ocorrências foram de ameaça, enquanto 21% de pressão. Na UC Federal, o número foi similar, 78% ameaça e 22% pressão. Já na UC Estadual o número destoou um pouco, 56% das ocorrências foram de ameaça e 44% de pressão.

A Reserva Extrativista Jaci-Paraná e o Parque Estadual de Guajará-Mirim, de Rondônia, só saíram do ranking porque tiveram as áreas reduzidas por uma lei.

No final de abril, a Assembleia Legislativa do estado aprovou um projeto de lei que retirou 171 mil hectares da área da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, o que representou uma diminuição de quase 90% do território, e 55 mil hectares do Parque Estadual de Guajará-Mirim.

Sancionada pelo governador, a mudança legislativa foi a maior redução de áreas protegidas já aprovada por um parlamento estadual no Brasil.

Fonte: Brasil de Fato | São Paulo (SP)

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