PUBLICADO EM 03 de abr de 2019
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Votar e cobrar

Assim estamos no Brasil. São raros os eleitos que dialogam com sua base política e dão satisfação de seus atos. Culpa de quem? Culpa dos políticos e dos partidos. Mas não só deles. Culpa também do eleitor, que vota num deputado no domingo e na segunda já nem se lembra mais do nome que escolheu para o representar.

A democracia deve ser viva, ativa, propositiva e crítica. Sinceramente, um sistema em que você vota de quatro em quatro anos e o eleito não dialoga mais com o eleitor, dando as caras só na próxima eleição, pode ser tudo: mas não é um sistema democrático.

Assim estamos no Brasil. São raros os eleitos que dialogam com sua base política e dão satisfação de seus atos. Culpa de quem? Culpa dos políticos e dos partidos. Mas não só deles. Culpa também do eleitor, que vota num deputado no domingo e na segunda já nem se lembra mais do nome que escolheu para o representar.

Por isso, não basta só votar. É preciso votar e participar. Votar e cobrar. Votar e exigir fidelidade às promessas feitas durante o processo eleitoral. É o que o sindicalismo deveria ter feito sempre, mas muitas vezes, por várias razões, deixou passar batido. O eleito, ao não se sentir cobrado, vai se enrodilhando na trama político-partidária, distante da base social.

Por essas e por outras, o presidente Bolsonaro se sente no direito de querer mudar a Constituição escrita por um processo constituinte verdadeiramente popular e democrático. Por isso, talvez, deputados e senadores de sua base se sintam tentados a modificar radicalmente a Previdência Social, cortar direitos (inclusive de velhos e pensionistas pobres), sem consultar trabalhadores, profissionais liberais, servidores públicos e lideranças da sociedade.

Isso sim é política velha, que não pode mais perdurar. Por isso, temos, agora, na tramitação da PEC da reforma previdenciária, oportunidade de sacudir essa acomodação e cobrar, desde já, de cada eleito qual será seu voto. Vai votar com os interesses do povo ou vai optar por uma reforma que exclui segurados e torna os pobres ainda mais pobres? Vai apoiar a Seguridade Social escrita na Constituição ou vai endossar um regime que beneficia bancos e especuladores?

Guarulhos tem apenas dois deputados federais: Alencar, pelo PT, e Eli Corrêa, pelo DEM. O sindicalismo quer saber qual será o voto de cada um deles e por que razão. As entidades de classe – independentemente da Central a que são filiadas – vão enviar carta a ambos, esperando que tenham o bom senso de votar com o povo. Lá atrás, nas eleições, a população os elegeu. Agora, é hora de cobrar. É o que faremos. É justo, é democrático.

José Pereira dos Santos é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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