PUBLICADO EM 22 de ago de 2019
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O grande Getúlio Vargas!

No dia 24 de agosto de 1954, o Brasil foi sacudido pelo episódio político mais dramático da nossa história contemporânea. Naquela data, matava-se o presidente Getúlio Vargas, recolhido no Palácio do Catete, sede do governo federal, Rio de Janeiro.

No dia 24 de agosto de 1954, o Brasil foi sacudido pelo episódio político mais dramático da nossa história contemporânea. Naquela data, matava-se o presidente Getúlio Vargas, recolhido no Palácio do Catete, sede do governo federal, Rio de Janeiro.

Getúlio dava-se um tiro no peito como resposta dramática à campanha difamatória de Carlos Lacerda, UDN, grande imprensa e da parte de militares graduados. A classe dominante local não engolia um presidente nacionalista, honesto, firme, que construía uma base industrial poderosa, fomentava a cultura e projetava o País no cenário internacional.

Mas Getúlio não se matou e encerrou um capítulo da história. Não. Para a posteridade, deixou a Carta-Testamento, na qual denuncia a pressão dos abutres e se nega a ceder, como queriam, para governar contra o povo, especialmente a classe trabalhadora.

O professor, escritor e antropólogo Darcy Ribeiro considera a Carta-Testamento nosso mais importante documento político. Ele dizia: “A carta-testamento é um documento digno de ser lido, porque ele é generoso; ele é um texto humano; é muito forte”. Para Darcy, “Getúlio foi o mais amado pelo povo e o mais detestado pelas elites”. Ele afirma: “Getúlio obrigou o empresariado urbano de descendentes de senhores de escravos a reconhecer os direitos dos trabalhadores. Os politicões da velha ordem, banidos por ele do cenário, nunca o perdoaram”.

E Leonel Brizola, ao comentar a data fatídica, diz: “No dia 24 de agosto, o povo saiu em fúria por toda a parte, quebrando tudo. Quebraram os jornais inimigos, queimaram consulados americanos, o que era firma americana quebraram tudo, incendiaram. O próprio Exército só depois, quando amainou a situação, é que saiu às ruas”.

Gaúcho, fazendeiro, rico para os padrões da época, Getúlio Vargas era um homem simples, que gostava de conviver com os peões da fazenda. Já presidente da República recebia no Palácio quem o procurasse, inclusive delegações de trabalhadores. É famosa a história de quando recebeu os comerciários, que pleiteavam jornada de 8 horas. Getúlio ouviu, prometeu e no dia seguinte publicou no Diário Oficial a redução.

Devemos a Getúlio as melhores leis trabalhistas, o salário mínimo, a Justiça do Trabalho, a CLT, a organização sindical e o direito de voto da mulher. Foi Getúlio quem lançou as bases da indústria nacional, rompendo o cerco do atraso dos fazendeiros de café e do leite. Ele criou a Petrobrás, o BNDE, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce, o Ministério do Trabalho, o Ministério da Saúde, ou seja, construiu o Estado brasileiro e o Brasil moderno, instituiu o ensino obrigatório, estimulou a cultura nacional. Nada do que veio depois se compara à sua obra.

O último parágrafo de sua Carta é fascinante. Diz: “Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. saio da vida para entrar na história”.

José Pereira dos Santos é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e Secretário nacional de Formação da Força Sindical

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