PUBLICADO EM 23 de out de 2025

Longas jornadas e adoecimento: a realidade dos entregadores de app

Estudo aborda os impactos da jornada de trabalho dos entregadores de app na saúde física e mental. Conheça o texto na íntegra.

Entregadores de app e enfrentam longas jornadas e isso afeta a saúde mental e física.

Entregadores de app e enfrentam longas jornadas e isso afeta a saúde mental e física.

O quinto artigo do dossiê “Fim da Escala 6×1 e Redução da Jornada de Trabalho”, organizado pelo Organizado pelo Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) em parceria com as centrais sindicais, destaca os “Impactos das longas jornadas de trabalho dos entregadores de alimentos por plataformas digitais em sua saúde física e mental”. O artigo é assinado por Laura Valle Gontijo.

O caso dos entregadores por aplicativos

O artigo baseia-se em 12 entrevistas com entregadores de aplicativos realizadas no Distrito Federal entre fevereiro e maio de 2025.

O que emerge é um retrato alarmante:

  • Jornadas de 10 a 12 horas diárias,
  • Folgas irregulares e
  • Trabalho sete dias por semana (em muitos casos).

Esses trabalhadores — em sua maioria jovens e negros — vivem sob pressão constante dos algoritmos, que controlam ritmo, desempenho e remuneração. Muitos chegam a trabalhar 16 ou 17 horas em um único dia, impulsionados pela necessidade de cumprir metas e pela insegurança financeira.

Exploração moderna, adoecimento real

A autora mostra que a “flexibilidade” vendida pelas plataformas é, na verdade, um mecanismo de autoexploração. A falta de descanso e a remuneração por peça levam à exaustão física e mental, ao isolamento familiar e ao aumento de acidentes de trabalho — que atingem metade dos entregadores que trabalham mais de dez horas por dia.

Além disso, o controle algorítmico cria um ambiente de medo permanente. Qualquer erro pode resultar em bloqueio do aplicativo, sem justificativa nem direito de defesa. Isso intensifica a ansiedade e gera o que muitos chamam de “vício” no trabalho — uma rotina de correria e tensão que adoece e desumaniza.

Para Laura, dois séculos após a Revolução Industrial, as inovações tecnológicas deveriam servir para reduzir o tempo de trabalho e melhorar a qualidade de vida, não para ampliar a exploração. Ela defende, portanto, a redução da jornada para 36 horas semanais sem redução salarial, medida capaz de distribuir melhor o emprego, ampliar o tempo de lazer e diminuir o adoecimento físico e mental.

Leia aqui o artigo:

Impactos das longas jornadas de trabalho dos entregadores de alimentos por plataformas digitais em sua saúde física e mental

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