PUBLICADO EM 01 de fev de 2018
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Carlos Alexandre, o mais punk dos bregas

Por Fernando Rosa

Carlos Alexandre é o mais original dos intérpretes do gênero que, certo ou errado, convencionou-se chamar de brega – uma expressão talvez mais depreciativa do que definidora do tipo de música e poesia produzida a partir dos anos setenta no país.

Em 30 de janeiro de 1989, quando vivia do sucesso conquistado ao longo da carreira, ele morreu em um acidente de carro, deixando um legado de mais 200 músicas gravadas, 14 LPs e diversos compactos.

Nascido Pedro Soares Bezerra, em 1 de junho de 1957, Carlos Alexandre é originário de Nova Cruz, no Rio Grande do Norte, onde iniciou a carreira ainda jovem.

Em 1978, já em São Paulo, lança pela RGE o seu primeiro compacto com as canções Arma de Vingança e Canção do Paralítico, dois clássicos de sua carreira.

De cara, saiu vendendo mais de 100 mil cópias, o que abriu caminho para a gravação do LP de estréia, batizado com o nome de outra música de sucesso, o mega-hit Feiticeira.

Em músicas como Vá Para Cadeia, Bichinho de Estimação, Revelação de Um Sonho, Nosso Quarto é Testemunha ou Feiticeira, ele ia além da simples canção de amor, tratando os temas cotidianos com ironia, desprezo e sexualidade explícita.

Com ritmo abolerado e órgãos a la Laffayette, cantava coisas como “agora vá para a cadeia, porque o mundo é moderno, já que eu não te quero mais, vá morar com Satanás lá nas grades do inferno”.

Talvez o seu maior sucesso, a música Arma de Vingança ganhou versão de Falcão em seu disco 500 Anos de Chifre, o Brega do Brega, que reverenciou um dos gêneros mais populares da música brasileira.

Sua influência também pode ser ouvida em obras de intérpretes e grupos alternativos do Sul do país, como Graforréia Xilarmônica, Wander Wildner ou no clássico grupo Emílio & Mauro, de Curitiba.

 

https://youtu.be/oDA-1Cdek8c

Fernando Rosa é jornalista, produtor cultura, editor do portal Senhor F. e colaborador do site Rádio Peão Brasil.

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  • Sílvio Carneiro

    Nota 10. A opinião traz à tona a realidade preconceituosa existente na época. Rotular é fácil quando se quer apartar ou diminuir alguém. A cultura ou o dinheiro contribuem para o “querer não andar junto”, mas quando se vê que o “brega” vende mais discos ou CDs e faz mais shows que os dittos “intellectuals” alguma coisa está errada. Parables Fernando.

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