PUBLICADO EM 01 de maio de 2022
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Tudo o que for feito para mudar a legislação trabalhista vai ter de ser negociado, diz Juruna, da Força Sindical

Juruna na panfletagem na Estação Brás, com Sergio Nobre e Alemão, convocando para 1º de Maio Unificado/Foto: Jaelcio Santana

Em entrevista à Joana Cunha na Folha de São Paulo, publicada neste domingo (1º de Maio), o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, falou sobre a possibilidade de confrontos entre sindicalistas e apoiadores do Bolsonaro nas comemorações do Dia do Trabalhador, algo que ele acredita que não terá força, e sobre a unidade de ação para derrotar o atual governo.

Sobre a decisão da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), em não participar do ato unificado com as outras centrais ele disse que “Somos dez centrais. Quando se organiza algo assim, há milhares de dirigentes sindicais que querem falar. Tem, às vezes, uma cotovelada aqui e acolá, mas nada que possa prejudicar o 1º de Maio. Eu tenho a opinião de que o fato de fazerem separado não prejudica. O evento deles, com certeza, vai tocar em bandeiras que eles ajudaram a construir e que foi a pauta do Conclat [Conferência Nacional da Classe Trabalhadora]. Não vejo antagonismo no fato de ele fazer em Itatiba. Talvez pela candidatura do PDT ele achou melhor fazer separado.

Leia aqui trechos da entrevista:

A ausência de Geraldo Alckmin? Como foi recebida por vocês? A aproximação dele seria importante? 

Ninguém confirmou que ele ia nem que não ia. Seria interessante ele estar lá, mas ele não confirmou. Nós da secretaria-geral da Força fizemos a relação de todos os convidados e os contatos estão sendo feitos.

E a decisão da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), que decidiu não participar do ato unificado com as outras centrais no 1º de Maio?

Eles disseram que há uma busca por protagonismo entre as centrais, que está faltando solidariedade. O que significa isso? Somos dez centrais. Quando se organiza algo assim, há milhares de dirigentes sindicais que querem falar. Tem, às vezes, uma cotovelada aqui e acolá, mas nada que possa prejudicar o 1º de Maio.

Eu tenho a opinião de que o fato de fazerem separado não prejudica. O evento deles, com certeza, vai tocar em bandeiras que eles ajudaram a construir e que foi a pauta do Conclat [Conferência Nacional da Classe Trabalhadora]. Não vejo antagonismo no fato de ele fazer em Itatiba. Talvez pela candidatura do PDT ele achou melhor fazer separado.

E o mal-estar da CUT com as outras centrais sobre a pauta conjunta de reivindicações?

Isso já se superou. O Lula já veio no evento. Puxou a orelha deles lá, pediu um documento unitário. Estamos trabalhando para que a campanha vá bem.

E os movimentos recentes do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que foi vaiado em evento com Lula e se reuniu com Aécio Neves (PSBD-MG)? Como avalia?

Acho importantíssimo que o Paulinho esteja na campanha [de Lula]. Dia 3, o Solidariedade vai se manifestar a favor dessa coligação.

São detalhes [o episódio das vaias]. O Paulinho fez do limão uma limonada. Demonstrou que quer apoiar o Lula e, mais do que isso, quer ampliar o leque de alianças com o Lula. Por isso, dia 3, ele convidou várias personalidades do MDB, de outros partidos de centro, que seria interessante estarem junto com o Lula.

Recentemente, as centrais foram recebidas na Fiesp pela nova gestão de Josué Gomes da Silva. O diálogo está melhor do que na gestão Paulo Skaf?

Parece que ficou melhor com o Josué. Primeiro, porque ele sempre foi um bom interlocutor. Segundo, as centrais sindicais entendem que fortalecer as negociações coletivas é fundamental para as relações entre capital e trabalho.

Essa aproximação que nós fazemos com a Fiesp é no sentido de valorizar as negociações coletivas, os acordos coletivos por empresa. E para isso precisa ter sindicato forte.

Do nosso lado, financeiramente é importante que tenha um respaldo dos trabalhadores para que as negociações sejam fortes, com financiamento. E do lado empresariado também, que foi também prejudicado com a mudança da lei.

Não queremos que o estado decida por nós. Queremos fortalecer a negociação coletiva. Para isso precisa ter sindicato forte, com financiamento dos trabalhadores.

E qual é a sua opinião sobre as sinalizações do PT em relação a reforma trabalhista? 

O pessoal fica falando em revisar ou revogar. Desde que começou esse debate, começou com a expressão do acordo espanhol, que não foi revogar. Foi uma negociação no Parlamento, da qual participaram empresários e representantes dos trabalhadores. Aqui vai ser a mesma coisa.

Não acredito que o Lula vai revogar em uma canetada. Isso, para mim, é vender ilusão. Tudo o que for feito para mudar a legislação trabalhista, que foi aprovada e traz prejuízo para a gente, vai ter de ser novamente negociado com empresários, trabalhadores e o parlamento.

Não existe isso de prometer que vai, em uma canetada, revogar. Isso é enganação. Acredito que vai haver, sim, negociação entre as partes: trabalhadores, empresários, estado e parlamento, que vai votar a proposta que, por acaso, se chegue em um acordo.

Fonte: Folha de S. Paulo

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