PUBLICADO EM 11 de ago de 2020
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McDonald’s processa ex-presidente por supostas relações com funcionárias

Rede de hambúrgueres tenta recuperar indenização de US$ 40 milhões pela saída de Steve Easterbrook

O McDonald’s processou seu ex-presidente-executivo Steve Easterbrook alegando que ele escondeu detalhes de três relacionamentos sexuais que manteve com funcionárias quando o conselho o demitiu em novembro passado por outro relacionamento com uma subordinada.

Em um relatório à comissão de valores e um processo legal na segunda-feira (10), a rede de hambúrgueres disse que estava tentando recuperar as indenizações que pagou pela saída de Easterbrook. A consultoria de remuneração de executivos Equilar relatou na época que seu acordo de demissão foi de aproximadamente US$ 40 milhões.

O McDonald’s não teria aprovado o acordo de desligamento se soubesse a extensão de seu “comportamento pessoal inadequado”, disse a empresa. Em vez disso, o teria demitido por justa causa.
Easterbrook não foi encontrado para comentar o assunto.

De acordo com o processo, novas evidências mostraram que o executivo britânico teve “relações sexuais físicas” com três funcionárias no ano anterior à sua demissão, que aprovou uma transferência de ações no valor de centenas de milhares de dólares para uma delas “durante seu relacionamento sexual”, e que ele “mentiu intencionalmente” aos investigadores.

O ex-presidente-executivo do McDonald’s Steve Easterbrook – Shannon Stapleton – 17.nov.2016/Reuters
O McDonald’s disse que também tomou medidas para impedir Easterbrook de vender ações que lhe foram concedidas ou de exercer suas opções de ações restantes.

“A reclamação da empresa alega que Easterbrook violou seus deveres fiduciários como executivo e diretor da empresa e cometeu fraude na indução”, disse a empresa aos investidores em seu processo. Ela está pleiteando indenização por danos “por todos os valores pagos a Easterbrook sob o acordo de desligamento e outros custos e despesas incorridos pela companhia em virtude de sua má conduta”, acrescentou.

A ação, movida pelo tribunal de chancelaria de Delaware, é considerada sem precedentes em uma empresa do porte do McDonald’s. Isso ocorreu após uma investigação feita por um escritório de advocacia externo, depois que uma funcionária apresentou, em julho, novas denúncias sobre o comportamento de Easterbrook.

O relacionamento pelo qual Easterbrook foi demitido consistia apenas em mensagens de texto e chamadas de vídeo, diz o processo, e ele garantiu à empresa na época que não tinha outros relacionamentos íntimos com funcionárias.

“Com base nos resultados da investigação, o conselho concluiu que Easterbrook mentiu para a empresa e para o conselho e destruiu informações sobre comportamento pessoal inadequado e, de fato, esteve envolvido em relações sexuais com três outras funcionárias da empresa antes de sua demissão, todos em violação da política da empresa”, disse o McDonald’s.

“O McDonald’s não tolera comportamento de nenhum funcionário que não reflita nossos valores”, disse Chris Kempczinski, que substituiu Easterbrook como presidente-executivo, em outra mensagem a franqueados e funcionários vista pelo Financial Times.

“Agora sabemos que sua conduta se desviou de nossos valores de maneiras diferentes e muito mais amplas do que sabíamos quando ele deixou a empresa no ano passado”, disse ele sobre seu antecessor.

Os advogados do McDonald’s já haviam revistado o celular fornecido pela empresa a Easterbrook quando o primeiro suposto relacionamento veio à tona. Mas, após as últimas alegações, eles encontraram “dezenas de fotos e vídeos de nudez ou sexualmente explícitas de várias mulheres, incluindo fotos dessas funcionárias da empresa” que ele havia enviado de sua conta de e-mail corporativa para a conta pessoal.

Embora tenham sido excluídos do telefone, eles ainda estavam armazenados nos servidores da empresa, diz o processo.

Alega-se que os registros cronológicos mostram que Easterbrook aprovou uma concessão de ações a uma das funcionárias “logo após seu primeiro encontro sexual e dias após o segundo”.

A empresa de fast-food estava sendo pressionada por denúncias de assédio sexual no local de trabalho antes da rescisão de Easterbrook, e Kempczinski enfatizou a importância de funcionários e franqueados se sentirem capazes de denunciar “qualquer comportamento que não se alinhe aos nossos valores”.

O processo invoca Ray Kroc, fundador do McDonald’s, que disse que ser “ético, verdadeiro e confiável” era a base da empresa. Reitera que o código de conduta empresarial exige que os funcionários “evitem qualquer situação em que… interesses pessoais ou financeiros possam fazer que… lealdades comerciais sejam divididas” e que divulguem qualquer potencial conflito de interesses para a empresa.

O McDonald’s atraiu algumas críticas sobre as condições da saída de Easterbrook. Ele foi demitido sem justa causa, o que o tornou elegível a uma série de benefícios lucrativos aos quais não teria direito.

Além de um pagamento de demissão no valor de US$ 700 mil e ações de incentivo no valor de US$ 3 milhões, seu pacote de desligamento incluía o direito de exercer opções a ser adquiridas nos três anos seguintes e uma parcela de ações restritas que o conselho lhe havia concedido.

Glass Lewis, o consultor por procuração, disse que tinha “preocupações substanciais” sobre o negócio, mas os acionistas acabaram aprovando o plano de remuneração, com 20% dos votos contra.

Um ex-aluno da Watford Grammar School que jogava críquete, Easterbrook recebeu o crédito por transformar os negócios do McDonald’s na Europa antes de conseguir o cargo máximo em 2015, e era conhecido como um defensor acirrado da empresa. Em 2006, enquanto dirigia suas operações no Reino Unido, ele pediu ao Oxford English Dictionary para modificar sua definição da expressão “McJob”, que era “um emprego pouco estimulante e mal pago”.

Fonte: FINANCIAL TIMES

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