PUBLICADO EM 14 de maio de 2021
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CPI da Covid escancara ‘omissão intencional’ de Bolsonaro na pandemia

Especialistas dizem que, ao recusar vacinas da Pfizer, governo federal colocou vidas em risco propositalmente

‘A CPI da Covid está provando que houve negligência intencional do governo para não buscar a vacina’, diz Wagner Romão – Foto: Valdo Leão / Semcom

Os depoimentos de testemunhas durante a CPI da Covid mostram que o governo Bolsonaro se omitiu e negligenciou o combate à pandemia de maneira intencional. Para especialistas, o relato do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, sobre a recusa do governo federal em adquirir vacinas deixou explícita a falta de ações do presidente da República para garantir a saúde da população.

Nesta quinta-feira (13), o representante da Pfizer afirmou que Bolsonaro ignorou três ofertas apresentadas pela empresa em agosto do ano passado para a aquisição de vacinas. Em cada uma das oportunidades, foram apresentadas duas propostas: uma de 30 milhões de doses e outra de 70 milhões.

Na avaliação de Wagner Romão, professor do Departamento de Ciência Política da Unicamp, a omissão de Bolsonaro resultou na perda de milhares de vidas. “A CPI da Covid está provando que houve negligência intencional do governo para não buscar a vacina, que é a única salvação para a pandemia. O governo recusou comprá-las o mais rápido possível, o que pouparia dezenas de milhares de vidas. Portanto, os relatos desmontam a postura de Jair Bolsonaro, que finge que atuou para comprar os imunizantes”, afirmou ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

Negligência
A sessão da CPI da Covid também foi marcada pela tentativa de senadores governistas de desqualificar e atacar a credibilidade da farmacêutica Pfizer. A intenção dos senadores era justificar e mesmo respaldar a omissão negacionista do governo de Jair Bolsonaro.

Romão acredita que cada vez mais Bolsonaro está perdendo a disputa das versões, pois está claro que o presidente apresentou, ao longo da pandemia, muitos depoimentos contraditórios. “Bolsonaro disse que a vacina da Pfizer poderia transformar as pessoas em jacaré e demorou para que admitisse a possibilidade de compra. Ele tenta destruir a imagem das vacinas há muito tempo, o que induz parte a população a não se vacinar. A CPI explicita que Bolsonaro sempre foi contraditório com a questão das vacinas e seu governo errou muito, mas errou porque quis”, acrescentou.

O imunologista Gustavo Cabral, PhD e pesquisador da USP sobre desenvolvimento de vacinas, afirma que a recusa de Bolsonaro em negociar a vacina com a Pfizer foi prejudicial, pois poderia garantir mais do que as 70 milhões de doses ofertadas.

“O governo federal esnoba o vírus desde o começo da pandemia, num ato de crueldade. Ele fala tanto de economia, mas esquece que é preciso manter sua população viva. A partir do momento que ele negligencia a compra de vacina, atira no pé do Brasil. A Pfizer fez uma oferta inicial que poderia ser muito mais explorada, fugindo da competitividade financeira do exterior. Com um acordo de compra, o Brasil conseguiria um número muito maior de vacinas do que foi oferecido”, disse à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Fonte: Rede Brasil Atual

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