PUBLICADO EM 20 de out de 2022
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Lula precisa sair da defensiva e ir ao ataque se quiser vencer

Importante observar que antes do primeiro turno das eleições, mais precisamente inicio de agosto houve uma reação de parcela da sociedade organizada em diversos pontos do país a favor da democracia e contra Bolsonaro. Uma atitude louvável, mas insuficiente para junto a outras ações Lula vencer em definitivo em 2 de outubro. Agora, a sociedade brasileira parece retomar a uma situação de apatia como que esperando para ver o que acontece. Isso é um muito grave.

Além disso, hoje eu vejo o Lula na defensiva e o tempo todo a se explicar quando esse papel caberia a Bolsonaro. Afinal, é de sua responsabilidade tudo de ruim que ocorreu no Brasil nos últimos quatro anos e a população precisa ser lembrada disso.

Aspectos econômicos, como a  queda de 1,13% do PIB entre julho e agosto deste ano, e ainda o aumento da inflação de alimentos, a mais alta em 28 anos, necessitam ser muito bem explorada pelo candidato do PT.

São questões dessa ordem que no meu entendimento precisam ser utilizadas por Lula e também pela propaganda eleitoral do candidato através de reportagens bem feitas e voltadas a abrir os olhos da  população de modo a colocar Bolsonaro novamente junto às cordas do ringue que é a disputa eleitoral até a sua completa derrota.

Alguém pode dizer que Bolsonaro e Paulo Guedes anabolizaram a economia com dinheiro do Orçamento visando custear o Auxilio Brasil e outras despesas; que o desemprego diminuiu de 14% para 8,9%, mas é emprego precário, a maioria, 40 milhões, está na informalidade;   que os R$ 1 mil pagos pela Caixa Econômica Federal (CEF) saíram do FGTS, dinheiro do próprio trabalhador, além da baixa no preço da gasolina, por meio da redução do ICMS, imposto que os estado utilizam na saúde e educação; que o  pagamento da primeira parcela do 13º Salário aos aposentados e pensionistas  é ação eleitoreira e que fazem tudo isso por que estão em disputa  para renovação de mandato.

De fato, é isto e muito mais. Nem por isso a coordenação de campanha e o próprio Lula devem permanecer em condições defensivas.  Ao contrário, é hora de ir para cima de Bolsonaro objetivando desconstruir suas mentiras, ao mesmo tempo expor o seu ‘calcanhar de Aquiles’ que são a corrupção e os desmandos no seu governo, além  dos aspectos econômicos negativos e prejudiciais à população que vive do trabalho tendo como consequência a recessão, desemprego, miséria, fome e mortes.

Por outro lado, Lula e sua coordenação precisam falar de seus projetos futuros, em vez de ficar simplesmente  relembrando o passado.

A grande pergunta que muitos fazem, principalmente os mais jovens, é sobre o que Lula pretende fazer. É hora de colocar em debate o seu programa de governo.

Se anteriormente, nos governos petistas, foram criadas 18 novas universidades federais e 173 campi universitários, praticamente triplicando o número de alunos, e se mais de 360 institutos federais foram implantados por todo o país é importante que se diga quantos mais serão feitos e o porquê dessa necessidade. Se o crédito expandiu-se de 26,1% do PIB em 2003 para 45,2% em novembro de 2010, é preciso dizer com clareza o que se pretende fazer em relação a essa questão e por que isso é importante. Se Bolsonaro está pagando R$ 600,00 referentes ao Auxilio Brasil e 20,2 milhões de pessoas estão sendo beneficiadas, ainda que a proposta inicial não fosse sua, mas dos partidos políticos de oposição, Lula precisa vir a público e dizer com toda a clareza que lhe é peculiar que o governo atual não criou nada, que desmantelou o que estava feito e funcionando e, uma vez eleito, ele irá dobrar o número de atendidos, se de fato é esta a sua intenção.

Ficar preso ao passado sem olhar para o futuro acarreta, antes de tudo, dificuldades tendo em vista ganhar as eleições e dar outra cara ao Brasil. O tempo urge e, como bem disse lá atrás um importante pensador, “Não há tempo a perder. É agora ou nunca, pois a história não perdoa os que se atrasam”!

 José Raimundo de Oliveira de Oliveira é historiador, educador e ativista social.

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