PUBLICADO EM 24 de maio de 2018
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Greve dos caminhoneiros põe a nu o neoliberalismo

A greve dos caminhoneiros está prestando um grande serviço ao Brasil. Mesmo sob o alto custo do desabastecimento temporário de produtos e com a marca do caos momentâneo nas estradas, o movimento fez cair a máscara do modelo neoliberal implantado sem freios e restrições pelo governo Michel Temer. Em particular, a greve põe a nu a cruel política de preços praticada pela Petrobras na gestão de Pedro Parente. Executivo aplaudido pelo chamado mercado, Parente exerce na estatal uma presidência sem nenhum compromisso social, valendo-se do monopólio no setor para fazer toda a sociedade brasileira refém de aumentos abusivos e irresponsáveis nos preços dos combustíveis. Até o dia 20, foram nada menos que 12 aumentos consecutivos no valores da gasolina e do álcool vendidos pela Petrobras às refinarias e distribuidoras. Um a cada 40 horas!

Também por obra de um governo e de uma Petrobras que, com Temer e Parente, miram única e exclusivamente o sacrifício e o lucro a serem extraídos do bolso dos brasileiros, os preços do gás de cozinha dispararam. Em consequência dessa política gananciosa, milhares de famílias, especialmente nas regiões mais pobres do Brasil, passaram a cozinhar com lenha, como se tivéssemos retornado mais de 100 anos no tempo. Ainda no início da gestão de Parente, a Petrobras acabou com a positiva política de conteúdo nacional para compras e serviços, passando a privilegiar grupos estrangeiros em lugar das empresas nacionais. Temer se calou diante dessa iniciativa lesa-pátria e com ela coadunou.

Os caminhoneiros têm uma coleção de bons motivos para protestar de forma veemente. Calcula-se que, hoje, encher um tanque de diesel de um caminhão já custa 1 mil reais. Categoria achatada por fretes cada vez menos remunerados, os caminhoneiros, na prática, estão um passo de pagar para rodar. O valor estratégico do trabalho de cada um deles, que cruzam o Brasil diuturnamente promovendo a circulação de mercadorias, não tem sido reconhecido. Agora, com essa greve histórica, a maior greve já realizada no setor, a importância social que os companheiros caminhoneiros cumprem está sendo ressaltada.

Além de prestar imediata solidariedade à greve dos caminhoneiros, a Força Sindical está acelerando gestões para promover, na legislação, o reconhecimento dos caminhoneiros como categoria profissional, o que irá garantir direitos trabalhistas que ainda não foram estabelecidos em lei.

A importância da greve dos caminhoneiros está à vista de todos. O movimento revela o quanto é prejudicial para o Brasil a política que só faz retirar direitos e atacar as organizações de trabalhadores, o que se viu na tentativa de reforma Previdenciária, que rechaçamos, e no desmonte da legislação trabalhista, que estamos reconstruindo.

Ainda que a sociedade esteja sofrendo com as consequências do momento mais agudo da greve dos caminhoneiros, o movimento irá nos fortalecer a todos, à medida em que revelou que o atual caminho da gestão pública no Brasil está na contra-mão dos verdadeiros interesses da nossa Nação e da imensa maioria de seus filhos.

Sergio Luiz Leite é presidente da Fequimfar e 1º secretário-geral da Força Sindical

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