PUBLICADO EM 06 de jun de 2022
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Entrelaçamento: luta econômica, luta política e luta ideológica

As eleições gerais de 2022 decidem muitas coisas, mas é consenso que a disputa fundamental vai além dos cargos ou plataformas programáticas. Ela envolve uma decisão que define os rumos do país enquanto Estado, Nação e Sociedade.

É importante observar que essa perspectiva analítica circula entre bolsões mais ou menos informados e politizados ou, pelo menos, recebe tal tratamento numa ordem mais intelectualizada da população.

Para uma parcela numericamente expressiva dos brasileiros, a dureza das condições de vida – baixos salários, inflação, desemprego, pobreza e fome – coloca em questão as demandas e urgências de fundo econômico. É o primeiro grau de consciência dos sujeitos, o da sobrevivência física e material.

Nesse sentido é que se percebe um dos porquês da falência das propostas de uma terceira Via: o povo mais pobre quer soluções concretas e só enxerga isso em candidatos que tem apelo popular, ainda que um deles seja um facínora.

Num patamar intermediário, encontra-se uma faixa da população – segmentos médios ou organizados em movimentos sociais – que consegue articular a escolha do voto aos itens de caráter político, vislumbrando na gestão econômica, política e legislativa as causas do esfarelamento do Brasil.

Perda de direitos, mudanças na orientação dos programas governamentais, falta de recursos orçamentários, compõe o quadro da luta política e incidem num tipo diferenciado de voto.

Por fim, há um público que volta sua atenção e interesse ao confronto de princípios, valores e utopias/distopias. É nesse meio que se dá a luta ideológica, mais densa e profunda, cujo mote e objetivo é o da direção da sociedade em termos de hegemonia e concepção de modelo presente e futuro de desenvolvimento cultural, espiritual e civilizatório.

Emparelhar discursos e iniciativas não dá conta da complexidade da situação. Em vez de pensar a campanha eleitoral como um estuário onde desaguam vontades mais ou menos homogêneas, a figura de linguagem mais realista lembra os meandros de um delta caudaloso, onde correm diversos canais de expressão, muitas vezes contraditórios e incoerentes, mas que também alcançam o oceano político.

Calibrar na medida certa a ação militante exigirá unidade férrea, amplitude altruísta, propósito inabalável e compreensão histórica aguda, sob pena de permitir ao campo inimigo um triunfo catastrófico, afinal o lado oposto também trabalha com os mesmos requisitos antes apontados e possui poder financeiro, mobilização social, instrumentos de controle e violência explícitos e infinita ganância pela tomada radical do poder estatal.

A luta, todos sabemos, será épica, mas não basta ter ciência, é preciso agir de maneira consoante aos dados e fatos fartamente exemplificados nesses últimos anos. É do entrelaçamento das condições objetivas e subjetivas e da capacidade em conjugar distintas matizes que será possível alcançar uma vitória democrática que inicie a reconstrução nacional e dê cabo no fascismo.

Alex Saratt é Professor das redes públicas municipal e estadual em Taquara (RS), 1° vice-presidente estadual do Cpers, Secretário de Comunicação da CTB RS e Secretário Adjunto da CNTE

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  • GIOVANI ROSA DA SILVA

    O povo brasileiro está mesmo numa encruzilhada. Não sabe se vota num facínora ou num ladrão… Terceira via é o mais do mesmo…

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