
A canção do senhor da guerra: música da banda Legião Urbana.
Lançada em 1992, “A Canção do Senhor da Guerra”, da Legião Urbana, tem inspiração em Masters of War, música de Bob Dylan lançada em 1963, entre a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã.
A versão da Legião, quase 30 anos depois, também fala de um mundo em conflito. Porém, já no contexto do fim da chamada ordem bipolar, alude às guerras daquele período, como a da Bósnia e a do Golfo, encerrada em 1991.
Sem citar diretamente nenhum conflito, a canção reflete sobre as injustiças e a ironia dos jogos de poder. O tom é abertamente irônico: a letra afirma que a guerra gera empregos, aumenta a produção, impulsiona a tecnologia, e que a exportação de armas é mais lucrativa do que a de alimentos. Com sarcasmo, fala ainda que “belíssimas cenas de destruição” resolveriam o problema da superpopulação e, em sua sentença mais enfática, conclui: “lembre-se sempre que Deus está do lado de quem vai vencer”.
Ao fazer isso, a música chama atenção para o comércio internacional de armamentos, para o recrutamento massivo de jovens, para a mortandade em larga escala que chega a reduzir populações inteiras, e para o uso perverso da religião como justificativa dos senhores da guerra.
O recurso da ironia é central: Renato Russo diz o contrário daquilo em que acredita (ainda que esse discurso seja usado por governos para justificar suas guerras). Isso fica explícito quando encerra a canção afirmando que o senhor da guerra não gosta de crianças — revelando, assim, que está retratando um personagem contrário ao futuro, ao cuidado e à inocência.
O Senhor da guerra
(Composição: Renato Manfredini Junior/1992)
Interprete: Legião Urbana



















