O texto prevê, ainda, medidas de combate a fraudes e fortalecimento da cobrança de dívidas ao INSS. Os militares ficaram de fora, mas, segundo o Ministério da Economia, um Projeto de Lei com alteração do sistema de proteção social das Forças Armadas será enviado ao Congresso até o dia 20 de março.
No mesmo dia em que o presidente da Câmara recebi a proposta do governo para a reforma da Previdência, as principais centrais sindicais do país realizaram a Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora (LEIA MAIS), na Praça da Sé, com o objetivo de mobilizar as bases e conscientizar a população sobre prejuízos da proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo.
Além do protesto, Força Sindical e UGT emitiram nota oficial no mesmo dia repudiando a proposta. A Força Sindical, presidida por Miguel Torres, reafirmou sua posição contrária a proposta de reforma apresentada ao Congresso Nacional por se tratar, de acordo com a nota, “uma perversidade que só prejudica os trabalhadores menos favorecidos economicamente.
Torres destaca ainda, no texto, que a Central luta por uma Previdência universal e sem privilégios. “Somos totalmente contrários e não aceitaremos esta proposta que, para nós, nada mais é do que um retrocesso que penaliza e impede cada vez mais que a população tenha uma velhice digna.”
A nota da Força Sindical destaca ainda nove pontos que visam contribuir para a melhoria da gestão e da arrecadação do sistema, bem como para o fortalecimento institucional, entre os quais, a recriação do Ministério da Previdência Social Central, a revisão ou fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento das empresas e a revisão das alíquotas de contribuição para a Previdência Social do setor do agronegócio.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT), presidida por Ricardo Patah, disse que “não dará cheque em branco para a reforma da Previdência.
Em nota oficial, Patah, que também é presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, salienta que a proposta do governo está em análise ampla feita por economistas e técnicos da Central. “Já identificamos que o artigo 40, parágrafo 1, que remete à Lei Complementar, pode ser um cheque em branco para o Governo. Essa questão nos preocupa, pois estamos discutindo o futuro do trabalhador. Por essa razão, somos contra aquilo que não está descrito na lei”, destaca a nota.
A UGT defende ainda “rigor, transparência e participação da sociedade na gestão da Previdência e um Regime Único de Previdência, igualitário para todos os brasileiros, e não puxadinhos que garantam a continuidade de privilégios.”
Leia a seguir as notas da Força Sindical e da UGT:
EM DEFESA DA APOSENTADORIA
A Força Sindical reafirma sua posição contrária a proposta de reforma apresentada ao congresso Nacional, pois trata-se de uma perversidade que só prejudica os trabalhadores menos favorecidos economicamente. Lutamos por uma Previdência universal e sem privilégios.
Quaisquer alterações precisam ter como princípio básico que os aposentados recebam benefícios com valores suficientes para oferecer-lhes uma vida saudável e digna. Pagar um valor abaixo do estabelecido pelo salário mínimo é entregar apenas uma “esmola” para os milhões de aposentados que ajudaram a construir este País.
Somos totalmente contrários e não aceitaremos esta proposta que, para nós, nada mais é do que um retrocesso que penaliza e impede cada vez mais que a população tenha uma velhice digna. Não podemos permitir a aprovação de uma reforma que dificulte a adesão à aposentadoria.
Caso a reforma seja aprovada, os trabalhadores que começaram a contribuir mais cedo ao INSS serão os mais afetados. As pessoas acreditaram em um sistema que permite a aposentadoria sem idade mínima, apenas com o tempo de contribuição de 30 anos para mulheres e de 35 anos para homens.
O novo sistema vai aumentar em cerca de dez anos o tempo de trabalho. Por exemplo: um homem que começa a pagar o INSS com 20 anos, terá de contribuir por 45 anos para ter o direito de se aposentar. Ou seja: vai ter de pagar mais para receber a mesma coisa.
Reafirmamos que a Previdência Social é um patrimônio dos brasileiros. Entendemos que quaisquer mudanças na Previdência devam ser amplamente discutidas com a sociedade e com os representantes dos trabalhadores de forma democrática e transparente.
Vale ressaltar que, no próximo dia 20, as centrais sindicais irão realizar um ato na Praça da Sé, em São Paulo, como forma de protesto contra o fim da aposentadoria.
Não podemos deixar de destacar que valorizar as aposentadorias é uma forma sensata e justa de distribuição de renda.
Visando contribuir para a melhoria da gestão e da arrecadação do sistema, bem como para o fortalecimento institucional, a Central sugere ao governo as seguintes medidas:
1. Revisão ou fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento das empresas;
2. Revisão das isenções previdenciárias para entidades filantrópicas;
3. Alienação de imóveis da Previdência Social, e de outros patrimônios em desuso, por meio de leilão;
4. Fim da aplicação da DRU – Desvinculação de Receitas da União – sobre o orçamento da Seguridade Social;
5. Criação de Refis para a cobrança dos R$ 236 bilhões de dívidas ativas recuperáveis com a Previdência Social;
6. Melhoria da fiscalização da Previdência Social, por meio do aumento do número de fiscais em atividade e do aperfeiçoamento da gestão e dos processos de fiscalização;
7. Revisão das alíquotas de contribuição para a Previdência Social do setor do agronegócio;
8. Destinação à Seguridade e/ou à Previdência das receitas fiscais oriundas da regulamentação dos bingos e jogos de azar, em discussão no Congresso Nacional;
9. Recriação do Ministério da Previdência Social.
A sociedade deseja liberdades democráticas e respeito aos seus direitos, que só virão com a garantia do emprego, salário digno e do acesso a direitos fundamentais, como saúde, educação e aposentadoria digna.
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical
UGT não dará cheque em branco para reforma da Previdência
O projeto de reforma da Previdência apresentado pelo Governo ao Congresso Nacional está sendo analisado amplamente pelos economistas e técnicos da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
A UGT, no entanto, já identificou que o artigo 40, parágrafo 1, que remete à Lei Complementar, pode ser um cheque em branco para o Governo. Essa questão nos preocupa, pois estamos discutindo o futuro do trabalhador. Por essa razão, somos contra aquilo que não está descrito na lei.
A UGT defende rigor, transparência e participação da sociedade na gestão da Previdência e um Regime Único de Previdência, igualitário para todos os brasileiros, e não puxadinhos que garantam a continuidade de privilégios. Nossa proposta de Reforma da Previdência, que já foi apresentada ao Governo, defende igualidade sem privilégios
É contra esses “puxadinhos” e igualdade para todos que, democraticamente, vamos discutir, no Congresso Nacional, com deputados e senadores, o que não ficou claro e que pode comprometer o futuro dos trabalhadores.
Ricardo Patah
Presidente nacional da UGT