PUBLICADO EM 09 de jun de 2025

Pioneiro do funk e da contracultura, Sly Stone morre aos 82 anos

Sly Stone reinventou a música nos anos 1970, misturando funk, soul e rock. Ele morreu aos 82 anos, nesta segunda-feira.

Sly Stone: Canções que tornaram-se hinos da contracultura e dos movimentos civis

Sly Stone: Canções que tornaram-se hinos da contracultura e dos movimentos civis

Sly Stone, nascido Sylvester Stewart em 15 de março de 1943, foi um dos artistas mais inovadores e influentes de sua época. Líder da banda Sly and the Family Stone, ele foi pioneiro na fusão do funk, soul, rock e psicodelia, criando um som revolucionário que moldou os rumos da música nos anos 1960 e 70. Sua arte transcendeu estilos e influenciou gerações de músicos, além de ter um impacto duradouro na cultura afro-americana e na luta por igualdade racial.

Ainda adolescente, Sly já se destacava como DJ e produtor musical, trabalhando com diferentes artistas e desenvolvendo uma sensibilidade artística única. Em 1966, formou a Family Stone, uma banda com homens e mulheres, negros e brancos, ato radical em um período em que os EUA eram ainda profundamente segregados. Mais do que simbólica, essa diversidade era refletida também na música, que misturava ritmos, harmonias e mensagens políticas com uma energia contagiante.

Contracultura

Canções como “Everyday People”, “Stand!”, “Family Affair” e “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)” tornaram-se hinos de uma geração marcada pela contracultura, pelos movimentos civis e por transformações sociais. Sly abordava temas como igualdade, unidade, identidade negra, paz e resistência com lirismo direto, ao mesmo tempo suave e provocador. Ele não apenas criou uma nova sonoridade, como também desafiou os padrões raciais e estéticos da indústria musical.

Ele influenciou artisas como Prince, George Clinton (do Parliament-Funkadelic), Michael Jackson, Outkast, D’Angelo, Janelle Monáe e Kendrick Lamar. O próprio movimento hip-hop, que surgiu anos depois, encontrou na obra de Sly uma inspiração tanto musical quanto política, com suas letras conscientes e sua abordagem rebelde à cultura dominante.

União entre os povos

Para os negros, Sly Stone foi mais do que um músico. Ele representou a possibilidade de protagonismo criativo e político em um meio dominado por estereótipos raciais. Sua música era uma afirmação da cultura negra e também um apelo à união entre os povos. Ele abriu caminho para outros artistas alternativos e com uma arte autoral.

Após o sucesso, enfrentou problemas com drogas e reclusão, ainda que sua obra tenha continuado viva e relevante.

Sly morreu nesta segunda-feira, 9 de junho, vítima de doença pulmonar obstrutiva crônica e outros problemas de saúde. A informação foi divulgada em nota pela família do músico.

A nota disse também que “Sly morreu tranquilamente, cercado de seus três filhos, seu amigo mais próximo e sua família. Enquanto lamentamos sua ausência, nos consolamos ao saber que seu extraordinário legado musical continuará a reverberar e inspirar as próximas gerações”.

Assista aqui Sly cantando a música Family Affair na década de 1970:

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Bob Dylan, 80

 



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