PUBLICADO EM 28 de ago de 2021
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Músicas para celebrar a visibilidade lésbica contra toda violência

Por Marcos Aurélio Ruy

Neste domingo (29) comemora-se o Dia da Visibilidade Lésbica. Por isso, as seis canções selecionadas tratam do tema com muito amor. Cinco das escolhidas são de autoria de lésbicas assumidas. A única exceção é “Blues pra Bia”, de Chico Buarque, que retrata a questão com muito valor, no seu lugar de fala.

As outras cinco, são canções de destaque na música popular brasileira, esbanjando talento e colocando-o à frente das lutas por respeito à diversidade humana, à vida e à inteligência. Como diz Ailton Krenak”, nós temos de ter coragem de ser radicalmente vivos. E não negociar sobrevivência”.

Principalmente no país campeão em assassinatos de LGBTQIA+. País que maltrata a inteligência, a cultura, a diversidade, a justiça, a real beleza e a singularidade humana. Vamos cantar porque como dizia um professor de literatura (infelizmente não lembro o seu nome) para mostrar a diferença de sentido que uma vírgula emprega em uma frase: quem canta seus males, espanta.

Josyara

Com  um som diversificado. Tudo junto e misturado, Josyara impõe sua voz neste mundo dominado pelo patriarcado. Sua voz e seu violão são ímpares. Suas composições inovadoras. Nenhuma temática é proibida,

“Tenho frustração e luto. Quando a gente foi percebendo que [a pandemia] só piorava, não queria compor, cantar, fazer live. Comecei a fazer porque vi que era única forma de entrar algum dinheirinho. Ia fechar o lançamento do Mansa Fúria no exterior, mas não deu tempo. Fora esse luto eterno no Brasil que não se tem perspectiva de nada”, disse Josyara em uma entrevista à revista CartaCapital.

“Tem uma preta muito linda

Ela gosta de mim

Gosto dela também

Com seus olhinhos de chineizin

Ela é de leão e tem fogo

Quando desce a ladeira da federação

Quando sobe a ladeira da quebrada

Altera a ordem do espaço com seus passos

Namora suas meninas na intensidade do fogo

Ela é de fogo”

 

Fogueira (2018), de Josyara

Ana Carolina

Na estrada desde 1999 como profissional, Ana Carolina fez seu caminho próprio e conquistou um lugar de destaque na MPB. É uma das vozes lésbicas mais destacadas do momento.

“E eu gosto de homens e de mulheres

E você, o que prefere?

E você, o que prefere? É…

 

Homens que dançam tango

Mulheres que acordam cedo

Homens que guardam as datas

Mulheres que não sentem medo

 

Homens de toda a idade

Mulheres, até as genéricas

Homens que são de verdade

Mulheres de toda a América

 

Homens no sinal verde

Mulheres de batom vermelho

Homens que caem na rede

Mulheres que são meu espelho”

 

Homens e Mulheres (2009), de Ana Carolina; canta com Angela Ro Ro

Karla da Silva

Com mais de 10 anos de carreira, Karla da Silva apareceu para o grande público no programa “The Voice Brasil”, da Globo. Ela se impôs e seu talento é a toda prova. Canta e compões como ninguém.

“Vi aquele all star velhinho

O meu peito acelerou

Teu esmalte é vermelhinho

No dia em que a gente se encontrou, ê

São duas meninas, mas o coração é de mulher

Se você não pode entender o clima

Amar você não sabe o que é, ê”

 

Duas Meninas (2017), de Karla da Silva e Lizzie Marchi

Marina Lima

Outra voz fundamental na temática LGBTQIA+ na MP|B é Marina Lima. Talento singular. Sua temática une o social e o individual como indissociáveis.

“Não demora muito agora

Toda de bundinha de fora

Top less na areia

Virando sereia

Essa noite eu quero te ter

Toda se ardendo só pra mim

Essa noite eu quero te ter

Te envolver, te seduzir

O dia inteiro de prazer

Tudo que quiser, vou te dar

O mundo inteiro aos seus pés

Só pra poder te amar

Roubo as estrelas lá do céu

Numa noite e meia desse sabor

Pego a lua, aposto no mar

Como eu vou te ganhar”

 

Uma Noite e Meia (1987), de Marina Lima

Zélia Duncan

Muito influenciada pelo rock, Zélia Duncan esbanja talento e diversidade, sempre preocupada em retratar a vida com esperança em um futuro melhor.

“me esperava no portão

me encontrava, dava a mão

me chateava, sim ou não?

Não

 

de repente a vida ganhou sentido

companheira assim nunca tinha tido

o que fica sempre é uma coisa estranha

é companheira que não acompanha

 

isso pra mim é felicidade

achar alguém assim na cidade

como uma letra pra melodia

fica do lado, faz companhia

 

pensava nisso quando ela ali

no portão da frente

me viu pensando, quis pensar junto

“pensar é um ato tão particular do indivíduo”

e ela, na hora “particular, é? Duvido”

e como de fato eu não tinha lá muita certeza

entrei na dela, senti firmeza”

 

A Companheira (2007), de Simone e Zélia Duncan

 

Chico Buarque

Chico Buarque cria personagens imortalizados pela força que carregam em si e por si. Aqui canta um rapaz capaz de tudo para chamar a atenção de sua amada, mas em seu coração não tem lugar para rapazes. Melhor virar menina então…

“Que no coração de Bia

Meninos não têm lugar

Porém nada me amofina

Até posso virar menina

Pra ela me namorar”

 

Blues Pra Bia (2017), de Chico Buarque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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