PUBLICADO EM 22 de abr de 2020
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Museu do Holocausto critica empresária por fala com referências nazistas

Em vídeo, Cristiane Deyse Oppitz afirmou que “quem não quer trabalhar” deveria ser marcado, lembrando ação realizada por Hitler contra os judeus

A socialite bolsonarista Deise Oppitz diz, em gravação, que quem optar por ficar em casa deve ser marcado e deixará de ter direito a atendimento de saúde – Foto: Montagem

Uma empresária brasileira causou grande comoção nas redes sociais ao compartilhar um vídeo em que diz que pessoas “que não querem trabalhar” durante a pandemia do Covid-19 deveriam ser marcadas, lembrando ação realizada por Adolf Hitler na Alemanha Nazista, quando ele definiu que judeus deveriam utilizar a Estrela de Davi como identificação.

Após a divulgação das imagens, em que Cristiane Deyse Oppitz ainda diz que as pessoas deixariam de ser assistidas de todas as maneiras, seja pelo porteiro do prédio ou por médicos em hospitais, e deixariam a comida produzida para quem está trabalhando, o Museu do Holocausto de Curitiba divulgou nota repudiando a fala da empresária .

“O Museu , como instituição preocupada com a construção de uma memória justa e contemporânea do genocídio, tem convicção de que não é necessário que haja uma citação explícita sobre este período nefasto para que nos posicionemos. A ideologia nazista , lamentavelmente, pode sobreviver mesmo sem seus símbolos tradicionais, mas por meio de analogias implícitas”, afirma a nota divulgada nas redes sociais.

No texto, a instituição aponta a estigmatização e humilhação da tentativa de identificação de “inimigos sociais”, a concepção segregacionista da lógica de que os direitos estariam condicionados ao trabalho e a tentativa de revogação dos direitos civis desta população, que viola os princípios básicos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

“O nazismo não se iniciou com campos de extermínio, nem mesmo com suásticas espalhadas pelas ruas. Para que isso fosse possível, ideias e concepções deturpadas de humanidade eram divulgadas. Encará-las como normais e aceitáveis é um perigoso flerte com noções que tanto mal causaram à humanidade. Analogias implícitas são perigosas e precisam ser combatidas. Por isso, o Museu do Holocausto de Curitiba, diante de seu papel social, repudia veementemente as declarações de Cristiane Deyse Oppitz “, finaliza o texto.

Identificação com fitas vermelhas
No vídeo, que rapidamente viralizou nas redes sociais, a empresária sugere identificar com uma “fita vermelha” as pessoas que, segundo ela, não querem trabalhar e optam pelo isolamento social dentro de casa.

“As pessoas que não querem sair do confinamento , que não querem trabalhar, fazer a economia girar, porque o mais importante é a vida, marquem ou com um laço vermelho na porta ou quando for sair coloque uma fita vermelha. Aí, nós vamos identificar você como pessoa que não quer fazer parte deste grupo que quer trabalhar”, disse Oppitz .

A empresária finaliza dizendo que este grupo “não será assistido em momento algum”, seja por médicos, farmácias, supermercados e outros serviços: “você vai ficar em isolamento total, até que passe esse grande vírus. Assim, toda a alimentação produzida vai para as pessoas que estão contribuindo e não para as pessoas que não querem contribuir”.

Fonte: IG

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  • Camila Da Silva

    Sou a Camila da Silva, e quero parabenizar você pelo seu artigo escrito, muito bom vou acompanhar o seus artigos.

  • NILDA

    Esse pessoa que abra mão de respiradores pra ela e a família. Já que dinheiro é mais importante, acredito que tem pessoas que apesar de ter dinheiro tem uma pequenez de humanidade.

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