PUBLICADO EM 17 de nov de 2022
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Desemprego fica estável no terceiro trimestre. Informalidade continua muito alta

O índice nacional recuou de 9,3% para 8,7% no período e 21 unidades da federação permaneceram estáveis. Apenas 6 UFs registraram recuo na taxa de desocupação. Com relação ao ano passado, houve queda significativa da taxa de desocupação em todas as unidades da federação. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada hoje (17) pelo IBGE.

As reduções na taxa na comparação com o trimestre anterior foram registradas por Paraná (-0,8 ponto percentual), Minas Gerais (-0,9 p.p.), Maranhão (-1,1 p.p.), Acre (-1,8 p.p.), Ceará (-1,8 p.p.) e Rondônia (-1,9 p.p.). Nessa mesma comparação, houve queda no indicador em todas as grandes regiões e o Nordeste se manteve com a maior taxa (12,0%). Entre os dez estados com maior taxa de desocupação, seis são dessa região.

Já as menores taxas de desocupação, no terceiro trimestre, ficaram com Rondônia (3,9%), Mato Grosso (3,8%) e Santa Catarina (3,8%). O Sul foi a região com a menor taxa (5,2%) e os seus três estados registraram percentuais abaixo da média nacional.

A taxa de informalidade registrada no país foi de 39,4%. Os maiores percentuais estavam no Pará (60,5%), Maranhão (59,1%) e Amazonas (57,1%), estados onde a maioria dos ocupados estava em trabalhos informais. Já Santa Catarina (25,9%), Distrito Federal (29,8%) e São Paulo (30,6%) tinham as menores proporções. Apenas 25,3% dos trabalhadores domésticos do país tinham carteira assinada. Entre os empregados do setor privado, essa proporção era de 73,3%, com menores percentuais no Norte (57,7%) e no Nordeste (57,3%). Santa Catarina (88,4%), Rio Grande do Sul (81,3%) e São Paulo (81,2%) foram os estados com as maiores proporções. Já as menores foram Maranhão (47,0%), Piauí (48,5%) e Pará (50,3%).

A pesquisa também apurou que cerca de 2,6 milhões buscam trabalho há dois anos ou mais no país

Em todo o país, 44,5% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho. Para 11,7%, a busca estava durando de um ano a menos de dois anos e para 27,2%, ou 2,6 milhões de desocupados, dois anos ou mais. Cerca de 16,6% estavam à procura de uma vaga há menos de um mês.

Isso pode ser ainda um reflexo da pandemia iniciada em março de 2020, quando muitos deixaram de trabalhar.

Os grupos historicamente desfavorecidos, mulheres, pretos e pardos seguem com desocupação acima da média nacional

A taxa de desocupação de homens (6,9%) continua abaixo do índice nacional (8,7%), enquanto a das mulheres segue bem acima (11,0%) no terceiro trimestre. A pesquisa destaca que essa diferença “vem aumentando”.

As taxas de desocupação de pretos (11,1%) e pardos (10,0%) também ficaram acima da média do país. Já a dos brancos segue abaixo: 6,8%.

Em relação ao nível de ocupação (percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão efetivamente ocupadas), a proporção de homens era de 67,6%, enquanto a de mulheres era 47,5%. A maior diferença estava no Norte (24,7 p.p.).

Rendimento cresce em todas as regiões frente ao trimestre anterior

O rendimento médio mensal recebido pelos trabalhadores foi estimado em R$ 2.737 no terceiro trimestre, crescendo tanto frente aos três meses anteriores (R$2.640) quanto ao mesmo período do ano passado (R$2.670). Na comparação com o trimestre anterior, houve aumento em todas as regiões. Já em relação ao terceiro trimestre de 2021, só o Sul e o Centro-Oeste tiveram alta e as outras regiões se mantiveram estáveis.

“Nesse trimestre, houve crescimento de 3,7% no rendimento médio em comparação ao anterior. Na maioria das unidades da federação, houve tendência de expansão do rendimento, mas apenas oito tiveram crescimento estatisticamente significativo”, diz a coordenadora.

A massa de rendimento de todos os trabalhos foi de R$266,7 bilhões, um crescimento frente ao trimestre anterior (R$254,5 bilhões) e ao mesmo período do ano passado (R$242,7 bilhões).

Comentário

A pesquisa mostra que, embora em queda, o desemprego continua muito alto, e que o tipo de trabalho que cresceu é no setor informal, sem as proteções trabalhistas e previdenciárias. O rendimento médio ainda é muito baixo, muito menor do que o projetado pelo Dieese como o ideal para uma família, que é maior que 6 mil reais. Observa-se um aprofundamento da desigualdade social que afeta e uma grande dificuldade dos grupos historicamente desfavorecidos em conseguir ascender socialmente. Esse quadro reflete a política dos últimos anos que negligenciou o desenvolvimento industrial, a geração de empregos de qualidade bem como políticas sociais que visam a diminuição da desigualdade.

 

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