PUBLICADO EM 26 de maio de 2022
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O Brasil de Paulo Guedes

Vendo e lendo os jornais chego à conclusão de que, ao falar de economia, essa gente do governo parece não possuir a exata noção do que está tratando. Em palestra no Fórum Econômico Mundial, em Davos/Suíça, o ministro Paulo Guedes afirmou que o Brasil fez melhor do que outros países no ‘front fiscal’, dando destaque aos cortes de gastos como fator de estabilização econômica.

Em nenhum momento da sua fala Guedes menciona o fato dos tais cortes terem piorado a vida da população e ainda assumiu que ao funcionalismo público resta o calote em relação à inflação anterior a janeiro.  Apenas o acumulado de janeiro para cá, segundo ele, é possível pagar. Ou seja, 5%.

Sua visão de Brasil é a de que o funcionalismo possui estabilidade, bons salários, está em Home Office e, por isso, deve esquecer reajuste salarial com base em perdas acumuladas.  Não duvido que exista em meio a tudo isso uma parcela do funcionalismo nas condições que Guedes menciona, mas, afinal, quem e quantos, no âmbito do funcionalismo público, gozam de fato dessa vida nababesca a qual Guedes se referiu?

Por outro lado, desconheço se durante sua fala em Davos alguém lhe perguntou e qual foi a sua resposta sobre a crise econômica que assola o país, com o desemprego formal em 11,1%, mais uma taxa de informalidade em 40,1% da população ocupada, atingindo hoje 38,2 milhões de pessoas (dados do IBGE/2022). Não é possível esquecer que muitos dos empregos formais surgidos no governo Bolsonaro são precários. O que explica o porquê da renda média oriunda do trabalho está em queda livre. O Brasil que Guedes ‘vende’ aos investidores em Davos passa ao largo da realidade que a imensa maioria enfrenta para se manter viva.

Ele nada disse sobre os elevados índices de inflação que corroem a renda da classe que vive do trabalho e como pretende reduzi-la, além dos constantes aumentos dos juros que asfixia a economia. Assim como se omitiu em relação aos 20 milhões de brasileiras e brasileiros hoje enfrentando o drama da fome e, para sobreviver, tendo que procurar restos de comida nos lixões.

Que Brasil é este o de Guedes? Ou será que para ele só vale o Brasil dos muitos ricos, da parcela que, não obstante tudo o que foi dito, hoje abocanha e sem nada produzir mais de 50% do Orçamento público federal?

Bem, ele próprio afirmou em Davos que “A essência da política é essa, decidir o orçamento”. Só não disse a favor de quem.  Nem precisava, pois como especulador financeiro oriundo dos fundos de investimentos e descolado da economia real, seu compromisso como ministro é atender com exclusividade ao rentismo enquanto o povo permanece largado ao deus-dará!

José Raimundo de Oliveira é historiador, educador e ativista social.

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  • Agamenon Alves

    Parabéns professor pela ótima análise deste ministro dos abastados e inimigos dos mais necessitados.

  • Lauro Carone

    O professor como sempre certeiro traz à luz a questão econômica que sob o comando de Guedes
    revelou-se um verdadeiro desastre nacional. Por meio dela somente os ricos se locupletam.

  • Lauro Carone

    Análise ótima. O professor como sempre certeiro traz à luz a questão econômica que sob o comando de Guedes
    revelou-se um verdadeiro desastre nacional. Por meio dela somente os ricos se locupletam.

  • Aílton Soussa

    Parabéns companheiro…e prof José Raimundo

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