PUBLICADO EM 19 de jul de 2018
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Mais desemprego a caminho

Um acordo bilateral de livre comércio entre Mercosul e União Europeia pode ser fechado a qualquer momento e, se isto realmente ocorrer, como pretende o governo de Michel Temer, teremos na indústria nacional impactos altamente negativos, com uma nova invasão de produtos importados, queda de investimentos no setor, fechamento de inúmeras empresas e demissões de cerca de seis milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

A negociação prevê o fim da cobrança da taxa de 35% de importação dos produtos industrializados da União Europeia aos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) por 15 anos. Neste período, em troca de serviços e produtos industrializados da Europa, iríamos oferecer apenas nossas commodities industriais, que são os produtos de baixo valor agregado.

Companheiros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC explicam, por exemplo, que com o fim da taxa de importação, as montadoras de matrizes europeias que estão no Brasil, como a Volkswagen, Mahle e Mercedes, vão preferir produzir automóveis em seus países e mandar os carros prontos para o Brasil.

Além das montadoras, o setor de autopeças e toda cadeia produtiva automotiva também serão fortemente atingidos pela medida. Pois, se a indústria automotiva reduzir sua presença no País, os segmentos de autopeças, partes e componentes, que hoje abastecem esta indústria, vão perder espaço e tornar-se praticamente desnecessários. Será um caos!

Exigimos que o governo Temer chame os representantes da indústria e da classe trabalhadora para debater amplamente a questão, explique à sociedade o porquê de sua pressa nesta negociação feita por debaixo dos panos e, finalmente, não assine um acordo que irá aumentar ainda mais a atual crise econômica, colocando em risco milhões de postos de trabalho e destruindo os parques industriais do Brasil e demais países do Mercosul.

Assumimos, desde já, o compromisso de fazer uma ação unificada do movimento sindical, incluindo novas mobilizações do Movimento Brasil Metalúrgico, para alertar os parlamentares dos quatro países do Mercosul sobre o problema e pedir que não aprovem, caso seja assinado, este Acordo de Livre Comércio entre os blocos.

Não podemos aceitar que, em um cenário de intensa crise, com desemprego, ataque aos direitos e redução de investimentos em saúde, educação, ciência e tecnologia, o ilegítimo e nada patriótico governo Temer continue adotando medidas de lesa-pátria, vendendo nossas riquezas, penalizando o setor produtivo e a indústria brasileira, afundando a economia, impedindo a retomada do desenvolvimento e destruindo o futuro da Nação!

Basta!

Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, presidente interino da Força Sindical e um dos coordenadores do Movimento Brasil Metalúrgico.

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