Durante vários anos e em ondas sucessivas os trabalhadores brasileiros – e seu movimento sindical – sofreram as consequências da globalização da economia (com a reestruturação do sistema produtivo para atender os rentistas), da pior recessão de nossa história e das agressões desencadeadas pela lei trabalhista celerada.
Essa conjugação de poderosos fatores negativos para a organização dos trabalhadores e para sua representação sindical causou estragos incomensuráveis, aumentando o desemprego e a informalidade, derrubando salários, restringindo o acesso à Justiça do Trabalho, diminuindo o número de acordos e convenções coletivas e fazendo cair a taxa de sindicalização de uma rede sindical com muito menos recursos financeiros.
Tudo isso antes da eleição de Jair Bolsonaro. O novo governo, aplicando na prática o que o candidato propagandeou na campanha eleitoral, agravará ainda mais todos aqueles elementos negativos já existentes e explicitará novos desafios.
Frente a esta situação e para o ano que se avizinha a estratégica prioritária do movimento sindical deve ser a garantia da própria existência ameaçada e o exercício da resistência. Para garantir a existência e exercer a resistência é preciso cultivar com empenho e inteligência a unidade de ação.
A principal referência para esta unidade é o reforço do vínculo representativo entre as entidades (sobretudo os sindicatos) e a base dos trabalhadores, uma tarefa tão necessária quanto difícil.
Eis, portanto, o tripé ativo para os tempos novos: unidade, existência e resistência. Cada luta, cada etapa dela e de suas implicações e alianças deve merecer das direções responsáveis a atenção, a iniciativa e a criatividade compatíveis com a nossa experiência e nossa história de dificuldades e de superação.
João Guilherme V. Netto é consultor sindical