PUBLICADO EM 26 de fev de 2021
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Clima Econômico da América Latina melhora, mas continua desfavorável, diz FGV

Plebiscito no Chile em outubro de 2020. Foto de Jose Pereira.

Pela primeira vez depois do impacto da pandemia de covid-19, houve alguma melhora na percepção em relação à situação corrente, que continua difícil na maioria dos países. Em relação às expectativas o resultado é muito heterogêneo. Veja abaixo os resultados agregados e para algumas das principais economias da região.

O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina da Fundação Getúlio Vargas (FGV) avançou de 60,7 para 70,5 pontos entre o 4º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021. Apesar da alta de 9,8 pontos, o indicador continua na zona desfavorável do ciclo econômico com uma combinação de avaliações desfavoráveis sobre o presente e expectativas otimistas em relação ao futuro próximo.

O resultado geral da pesquisa mostra que a situação atual ainda é bastante desfavorável, mas os pesquisadores estão otimistas com a perspectiva de melhoras nos próximos meses. Entre os fatores a justificar o otimismo está o início dos programas de imunização contra a covid-19 nas principais economias do mundo e nos países latinos, embora com cronogramas e ofertas de vacinas muito distintos. Os resultados dos países ajudam a esclarecer esse comportamento.

Clima econômico: Resultados dos países

O Clima Econômico melhorou em apenas metade das 10 maiores economias da região acompanhadas pelo FGV IBRE, mas os avanços foram mais expressivos que as perdas.

Houve melhora do ICE na Argentina, Brasil, Chile, México e Paraguai. Destacam-se os casos do Paraguai (avanço de 37,0 pontos no ICE), Chile (26,7 pontos) e México (19,7 pontos). No Brasil, o ICE ganhou 5,1 pontos, passando de 67,2 pontos para 72,3 pontos. No sentido oposto, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai registraram queda no ICE. As perdas ficaram abaixo de 10 pontos. A maior queda, de 9,3 pontos, ocorreu no Peru. No grupo de países que melhoraram o ICE, o ISA avançou em todos os casos. Destacam-se Paraguai (+63,5 pontos), Chile (+23,3 pontos), México (+20,0 pontos) e Brasil (+11,7 pontos). No caso das expectativas, Brasil e Paraguai registraram recuo.

No Brasil, o Indicador de Expectativas (IE) caiu 9,2 pontos. O IE caiu para todo os países, exceto Argentina, Chile e México. Nos demais países, o IE recuou, mas se manteve na zona favorável, salvo os casos de Bolívia e Equador. No grupo de países com o IE na zona favorável, o Chile registrou o valor mais elevado (187,5 pontos), e o Brasil, o mais baixo (137,5 pontos).

Previsões para o crescimento do PIB para 2021

Como era previsto, após a recessão de 2020 associada ao choque de oferta e demanda trazido pela COVID-19, é esperada uma recuperação das economias latinas. A queda no PIB dos países em 2020 é substituída por um aumento do produto, embora não seja assegurada uma volta aos níveis de produto de 2019, em todos os países.

Essa recuperação, entretanto, está acompanhada de um relativo pessimismo. Nos últimos três meses, 73,1% dos entrevistados mudaram a sua projeção para 2021 e, destes, 58,9% rebaixaram o valor esperado do crescimento econômico do seu país. Entre os países em que maioria dos especialistas consultados revisaram para cima estão Argentina (57,1%), Bolívia (75,0%), Chile (100%) e Paraguai (75,0%). Nas duas maiores economias da região, a maioria dos especialistas revisaram para baixo as suas projeções: Brasil (66,7%) e México (63,6%)

No grupo dos países que revisaram para cima o crescimento do PIB, o peso dos fatores varia. No Chile, o principal fator foi a chegada da vacina antes do esperado (100%), seguido de melhores condições macroeconômicas domésticas (60%) e internacionais (60%). Na Bolívia, o principal fator foi a melhora do ambiente político (66,7%), seguido antecipação da vacina, condições macro domésticas e internacionais e novos estímulos, todos com percentuais de 50,0%. No Paraguai, antecipação da vacina e melhoras das condições macroeconômicas internas, ambas com percentuais de 66,7%, explicam o resultado para o país. Na Argentina, onde a diferença entre os que revisaram para cima (57,1%) e os que revisaram pra baixo (42,9%) foi menor que a dos outros países desse grupo, destacam-se as condições macroeconômicas internacionais.

O Brasil lidera o ranking do grupo de especialistas que fizeram a revisão para baixo do PIB. No caso do Brasil, a segunda onda de Covid-19 (87,5%), o ambiente político (87,5%) e a demora na vacinação (75,0%) foram destacados. A segunda onda de Covid-19 também é ressaltada nos casos da Colômbia, México, Peru, Equador e Uruguai.

Novas medidas de estímulo contribuíram pouco para revisões para cima do PIB (apenas a Bolívia, em que o fator foi citado por 50,0%) e a eleição de Biden só teve repercussão relevante no México (100%), seguida do Chile (40%).

Em suma, a segunda onda de Covid-19, a avaliação se a vacinação começou mais cedo ou não, são os fatores mais lembrados como relevantes para as revisões de PIB em 2021, seguidas do ambiente político e macroeconômico.

Fonte: Ibre FGV

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